"Melhor base do mundo", Inglaterra sofre com falta de espaço para jovens
Rafael Reis
26/04/2018 04h00
Dominic Solanke, 20, foi o melhor jogador do último Mundial sub-20. No início da temporada, trocou o Chelsea pelo Liverpool em busca de mais chances em campo. A mudança de ares lhe rendeu quatro jogos como titular nesta edição do Campeonato Inglês.
Já Phil Foden, 17, ganhou o prêmio de craque da Copa do Mundo sub-17 e muitos elogios do técnico Pep Guardiola, seu comandante no Manchester City. Mesmo assim, só foi usado pelo catalão em 35 minutos da Premier League 2017/18.
Aclamada como dona da melhor categoria de base do planeta depois de conquistar os títulos mundiais sub-17 e sub-20 no ano passado, a Inglaterra vive um dilema: está cheia de jovens talentosos, mas não sabe muito bem o que fazer com eles.
Dos 41 garotos que participaram das campanhas vitoriosas do "English Team" em 2017, apenas nove chegaram a pisar no gramado de pelo menos uma partida da primeira divisão inglesa nesta temporada.
E só três deles, o lateral direito Jonjoe Kenny e o atacante Dominic Calvert-Lewin (Everton), além do meia Lewis Cook (Bournemouth), foram usados por mais de 900 minutos, o equivalente a dez partidas completas, na liga.
A maior parte dos jovens campeões ainda continuam relegadas aos elencos de base dos grandes clubes ou estão emprestados a times de segunda e até terceira divisão para ganhar experiência.
A escassez de oportunidades para a nova (e já vitoriosa) geração do futebol inglês está ligada ao poderio financeiro dos clubes que disputam a Premier League.
As equipes da primeira divisão inglesa possuem tanto dinheiro em caixa que podem se dar ao luxo de montar e manter elencos numerosos formados por jogadores já bastante experimentados e, consequentemente, caros.
Com isso, sobra pouco espaço para que as revelações formadas em casa ganhem uma chance no time de cima.
Assim, não chega a ser surpresa que o exemplo mais bem sucedido na transição base-profissional da Inglaterra não venha de um clube poderoso, mas sim de um time da segunda divisão.
O lateral esquerdo Ryan Sessegnon, 17, nem fez parte da conquista da seleção juvenil no ano passado, mas se tornou o grande nome da Championship, a segundona inglesa.
Titular absoluto do Fulham e autor de 17 gols na competição, o garoto está tão em alta que deve se transferir para um dos grandes do país na próxima temporada (Liverpool e Manchester United disputam sua contratação).
Mais que isso: tem chances reais de ser convocado para a Copa do Mundo e levar para a Rússia-2018 a geração que promete revolucionar o futebol inglês… desde que receba chances de provar seu valor.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.