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Wenger criou Arsenal "francês" e gastou 20% do orçamento com compatriotas

Rafael Reis

21/04/2018 04h00

Em quase 22 anos como técnico do Arsenal, Arsène Wenger gastou 913,6 milhões de euros (R$ 3,8 bilhões) em reforços. E cerca de 20% desse montante foi aplicado apenas na contratação de jogadores franceses.

O investimento de 186,7 milhões de euros (R$ 782,6) em seus compatriotas foi uma das principais e mais criticadas características da longa passagem do treinador por Highbury e, posteriormente, pelo Emirates Stadium.

O reforço padrão do Arsenal durante as mais de duas décadas de "era Wenger" sempre foi um jovem, muitas vezes pouco conhecido internacionalmente, mas que vinha se destacando no futebol francês.

A obsessão do treinador por atletas de sua terra natal fez com que muitas vezes o clube londrino tivesse mais franceses em campo do que as equipes que disputam a Ligue 1.

A prioridade dada por Wenger aos compatriotas rendeu ao Arsenal alguns dos grandes ídolos de sua história recente, como Thierry Henry, o artilheiro máximo do clube em todos os tempos, e o meia-atacante Robert Pirès, figura essencial na conquista do título inglês invicto em 2004.

Por outro lado, também levou à Inglaterra algumas bombas que os torcedores Gunners sonham esquecer. Casos do lateral direito Mathieu Debuchy, do zagueiro Sébastien Squillaci e do atacante Jérémie Aliadière.

O primeiro reforço da "era Wenger" já foi um francês: o centroavante Nicolas Anelka, então um adolescente de 17 anos que despontava no PSG. O último, também nasceu na França: o atacante Pierre-Emerick Aubameyang, que escolheu defender a seleção do Gabão.

O Arsenal francês do treinador em Strasbourg foi responsável direto por uma revolução na Premier League.

Foi graças ao vários latinos escalados por Wenger que a primeira divisão inglesa começou a abandonar as ligações diretas e os chuveirinhos que faziam parte do seu DNA para dar espaço ao estilo mais técnico que vemos hoje em dia.

Mas o técnico não conseguiu se reinventar. Enquanto seus rivais gastavam rios de dinheiro na contratação de alguns dos melhores jogadores do planeta, ele preferiu continuar investindo na lapidação de jovens que se destacavam na França.

O preço a pagar por essa ousadia foi caro. Quatorze anos sem ganhar o Campeonato Inglês e uma dificuldade enorme até para conseguir se classificar para a Liga dos Campeões–nesta temporada, por exemplo, o time disputa a Liga Europa.

O que vai chegar ao fim no encerramento da atual temporada, quando o treinador deixar o cargo, conforme anunciado na sexta-feira, não será apenas a "era Wenger", mas também a "era francesa" do Arsenal.

OS 10 FRANCESES MAIS CAROS DA "ERA WENGER"

1 – Alexandre Lacazette (2017) – 53 milhões de euros
2 – Sylvain Wiltord (2000) – 17,5 milhões
3 – Thierry Henry (1999) – 16,1 milhões
4 – Samir Nasri (2008) – 16 milhões
5 – Mathieu Debuchy (2014) – 15 milhões
6 – Laurent Koscielny (2010) – 12,5 milhões
7 – Olivier Giroud (2012) – 12 milhões
8 – Robert Pirès (2000) – 9,8 milhões
9 – Bacary Sagna (2007) – 9 milhões
10 – Sébastien Squillaci (2010) – 6,5 milhões


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis