6 jogadores que deixaram o futebol cedo porque cansaram da vida de atleta
Rafael Reis
18/03/2018 04h00
Virar jogador profissional de futebol é um sonho para milhões de garotos espalhados pelo mundo inteiro. Mas mesmo um grande sonho como esse, depois de já devidamente vivido, pode cansar.
Treinos exaustivos, concentrações, dores e contusões causadas pelo desgaste físico, longas viagens, fins de semana distante da família. São muitos os motivos que podem fazer um atleta enjoar da sua rotina do futebol.
A maioria aguenta firme até que o corpo dá mostras de que chegou a hora de parar. Mas alguns não esperam esse momento chegar. Quando sentem que a motivação deu lugar ao tédio e ao cansaço, pulam fora do barco.
Apresentamos abaixo sete jogadores, alguns deles com passagem por alguns dos clubes mais poderosos do planeta, como Real Madrid, Barcelona e Inter de Milão, que se aposentaram cedo por um motivo nobre: eles enjoaram do futebol.
ADRIANO
Atacante
Brasileiro
Jogou pela última vez em 2016, aos 34 anos
Um dos atacantes mais temidos do futebol mundial na década passada, fez sucesso com a camisa da Inter de Milão, ganhou o apelido "Imperador" e disputou a Copa do Mundo de 2006. Com problemas de comportamento, dificuldade para se manter no peso e desmotivado para seguir à risca a cartilha de compromissos de um jogador profissional contemporâneo, entrou em declínio técnico precoce. Apesar de jamais ter anunciado oficialmente sua aposentadoria, Adriano não tem uma rotina de jogos desde 2012, quando deixou o Corinthians. Ele ainda passou por Atlético-PR e Miami United, mas praticamente não entrou em campo.
PABLO DANIEL OSVALDO
Atacante
Italiano
Aposentou em 2016, aos 30 anos
Nascido na Argentina, mas naturalizado italiano, o centroavante passou por times de expressão, como Porto, Juventus, Roma e Inter de Milão, e disputou 14 partidas pela seleção azzurra. Em 2016, depois de voltar para a Argentina e defender o Boca Juniors, decidiu jogar tudo para o alto e mergulhar em uma carreira de cantor de rock. No começo deste mês, Osvaldo voltou aos gramados, mas para jogar por um pequeno clube de sua terra natal na categoria másters.
ROYSTON DRENTHE
Meia
Holandês
Aposentou em 2016, aos 29 anos
Apontado como uma das grandes promessas do futebol europeu na década passada, desembarcou no Real Madrid em 2007, mas nunca conseguiu "explodir". Após jogar na Rússia, nas divisões inferiores da Inglaterra, na Turquia e nos Emirados Árabes, Drenthe preferiu o futebol para tentar a sorte na música. Há um ano e meio aposentado, o ex-lateral e meio-campista holandês é DJ e já lançou sua autobiografia.
HIDETOSHI NAKATA
Meia
Japonês
Aposentou em 2006, aos 29 anos
Primeiro japonês a fazer sucesso no futebol europeu, o ex-meia jogou por Roma, Parma, Fiorentina e Bolton, entre outros. Pela seleção, disputou dois Jogos Olímpicos (1996 e 2000) e três edições da Copa do Mundo (1998, 2002 e 2006). Logo depois do Mundial da Alemanha, causou surpresa ao anunciar que não voltaria aos gramados. A explicação para a repentina aposentadoria veio só oito anos depois, em uma entrevista à revista TMW Magazine: "Dia após dia, eu percebia que o futebol tinha se tornado apenas um grande negócio. Eu podia sentir que o time estava jogando apenas por dinheiro, não pelo gosto de se divertir."
FRANCESCO COCO
Lateral esquerdo
Italiano
Aposentou em 2007, aos 30 anos
Titular da lateral esquerda da seleção italiana na Copa do Mundo de 2002, o ex-jogador de Barcelona, Milan e Inter de Milão deixou o futebol profissional logo depois de completar 30 anos para tentar uma carreira como ator. Celebridade na Itália, Coco chegou a participar de alguns programas de TV, como o reality show "L'isola dei Famosi", uma versão para famosos do "Survivor". Como não fez sucesso no mundo da atuação, o ex-lateral acabou migrando mais uma vez de área e se tornou corretor de imóveis.
SEBASTIÁN LOSADA
Atacante
Espanhol
Aposentou em 1995, aos 27 anos
Revelado nas categorias de base do Real Madrid, disputou 38 partidas e marcou 13 gols pela equipe merengue antes de começar a rodar pelo futebol espanhol. Losada foi companheiro de Diego Maradona no Sevilla e também vestiu as camisas de Espanyol, Celta e Atlético de Madri. Em 1995, logo depois de estrear pela seleção espanhola principal, abandonou o futebol para trabalhar como advogado. Em 2004, tentou uma reaproximação com o esporte, mas acabou derrotado na eleição para presidente da Real Federação Espanhola de Futebol.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.