Em temporada mais produtiva, Messi tem dado aulas de como "enganar o tempo"
Rafael Reis
17/03/2018 04h00
Messi parece ter aprendido a "enganar o tempo". Aos 30 anos e prestes a disputar sua quarta Copa do Mundo, o astro argentino não só dá mostras de que o declínio físico e técnico natural do aumento da idade passa longe do seu corpo, como vive um dos melhores momentos de sua carreira.
A atuação de gala na vitória por 3 a 0 sobre o Chelsea, na quarta-feira, os 24 gols marcados nesta edição do Campeonato Espanhol e o protagonismo cada dia maior nas partidas do Barcelona são algumas provas disso.
É verdade que o camisa 10 já marcou mais gols e distribuiu mais assistências do que agora. Mas ele nunca foi tão produtivo em campo quanto na atual temporada.
De acordo com o "WhoScored?", site especializado nas estatísticas do futebol, Messi cria em média 8,3 oportunidades de gol em cada partida do Campeonato Espanhol 2017/18. São 5,6 chutes dados por ele mesmo e mais 2,7 passes para companheiros finalizarem em cada apresentação do craque do Barcelona.
Esse número, que mede a produtividade em campo, é o melhor de toda sua carreira.
Mesmo nas cinco temporadas em que faturou o prêmio de melhor jogador do planeta, o argentino jamais havia superado a média de 8 chances criadas por partida.
"Antes, eu recuperava a bola e fazia, ou tentava fazer, a jogada que eu queria, a minha jogada. Agora, tento jogar mais para a equipe. Quero que a bola passe por mim, sem que eu tenha a necessidade de concluir a jogada ou ser fominha", explica o camisa 10, em entrevista que será veiculada pelo canal argentino "América TV" neste domingo.
Apesar do discurso de "jogador de time", o novo Messi não perdeu o protagonismo e tem dado resultados dos mais positivos para o Barcelona. Com 34 bolas na rede e 16 assistências, ele participou ativamente de 47,7% de todos os gols marcados pelo time de Ernesto Valverde nesta temporada.
No confronto contra o Chelsea, pela Liga dos Campeões, o argentino foi determinante para classificar os catalães para enfrentar a Roma nas quartas de final. Messi fez três dos quatro gols do Barça no mata-mata contra os ingleses e deu assistência para o Dembélé anotar o outro.
"Hoje, eu tento fazer minha equipe se movimentar estando em outro lugar do campo. Continuo correndo como sempre, mas agora de uma outra maneira", completa.
O novo posicionamento a que Messi se refere pode ser resumido em uma expressão: liberdade total.
No esquema tático de Valverde, o camisa 10 não tem posição definida. Apesar de normalmente ser apresentado como o companheiro de ataque de Luis Suárez, o craque só joga lá na frente quando quer.
Em boa parte do tempo, ele recua para atuar entre as linhas de marcação adversária ou volta ainda mais, para receber a bola com liberdade, e conseguir armar os ataques do Barcelona lá de trás.
Foi essa a fórmula encontrada pelo "trintão" Messi para "enganar o tempo" e fazer de 2017/18 a temporada mais produtiva de sua carreira.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.