Em nova temporada, China "esquece" Brasil e faz limpa no futebol espanhol
Rafael Reis
02/03/2018 04h00
Depois de anos investindo pesado em jogadores brasileiros, a China decidiu dar um tempo em sua relação com o futebol pentacampeão mundial. Em vez disso, preferiu fazer uma limpa no Campeonato Espanhol.
A temporada 2018 da liga nacional mais rica da Ásia tem início nesta sexta-feira repleta de jogadores que até pouco tempo atrás vestiam as camisas de Barcelona, Atlético Madrid, Villarreal.
E praticamente sem novidades brasileiras. Os atacantes Fernandinho, que trocou o Grêmio pelo Chongqing Dangdai, e Johnathan, ex-Goiás e que jogava na Coreia do Sul até ser contratado pelo Tianjin Teda, são os únicos estreantes.
As várias caras novas do Brasil, que vinham desembarcando no Oriente a cada início de ano, foram substituídas nesta temporada por jogadores de outras nacionalidades e com um ponto em comum: a passagem pelo futebol espanhol.
É de lá que vem o principal reforço da China para 2018: o veterano zagueiro e volante argentino Javier Mascherano, 33, que trocou o Barcelona depois de sete anos e meio pelo Hebei Fortune.
A contratação mais cara da temporada também batia ponto na liga espanhola até a virada do ano. O atacante congolês Cédric Bakambu foi negociado pelo Villarreal com o Beijing Guoan por 40 milhões de euros (quase R$ 160 milhões).
Mas o alvo principal da cobiça chinesa foi o Atlético de Madrid. Vice-líder do Campeonato Espanhol, o time dirigido por Diego Simeone negociou três jogadores com o futebol do gigante asiático: o volante argentino Augusto Fernández foi para o Beijing Renhe, que volta para a primeira divisão. Já os meias-atacantes Nico Gaitán e Yannick Ferreira-Carrrasco se transferiram para o Dalian Yifang.
Além dos jogadores com passagem pelo futebol espanhol, há ainda dois treinadores do país campeão mundial de 2010 trabalhando na elite chinesa. O veterano Gregorio Manzano, ex-Sevilla, Mallorca e Atlético de Madri, dirige o Guizhou Hengfeng. Já Luis Garcia, que trabalhou no Getafe e no Levante, é quem comanda o Beijing Renhe.
Apesar da mudança na lógica do mercado vista nesta temporada, os brasileiros continuam sendo a maioria entre os estrangeiros na primeira divisão chinesa. São 20 jogadores (cinco a menos que na temporada passada) espalhados por 11 dos 16 clubes participantes.
Dois desses brasileiros, os atacantes Alan e Ricardo Goulart, defendem o Guangzhou Evergrande, atual heptacampeão nacional. O time, que até a temporada passada era dirigido pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, trocou de treinador e agora terá no banco de reservas o ex-zagueiro italiano Fabio Cannavaro, ex-jogador do Real Madrid. Ou seja, mais um nome com passagem pelo futebol espanhol.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.