Como astros de rival do Brasil na Copa ganharam fama de derrubar técnicos
Rafael Reis
20/12/2017 04h30
É bom o técnico da seleção da Costa Rica, Óscar Ramírez, ficar de olhos bem abertos no goleiro Keylor Navas, do Real Madrid (ESP), e no meia-atacante Bryan Ruiz, do Sporting (POR).
Os dois jogadores mais bem sucedidos da segunda adversária do Brasil na fase de grupos da Copa do Mundo-2018 carregam uma fama nada agradável: a de aproveitarem a influência que possuem para derrubar treinadores.
A denúncia foi feita no mês passado pelo jornalista José del Valle, da ESPN latino-americana. Segundo o guatemalteco, o capitão e o vice-capitão da seleção são tão poderosos no vestiário costarriquenho que conseguem até mesmo impor suas posições ao dirigentes da federação local.
Ainda de acordo com o jornalista, pelo menos dois dos últimos quatro técnicos da Costa Rica, o argentino Ricardo La Volpe e o colombiano Jorge Luis Pinto, deixaram o cargo devido à pressão exercida por Navas ou Ruiz.
La Volpe, que já comandou a seleção mexicana, dirigiu a equipe entre 2010 e 2011 e, segundo Del Valle, caiu depois que Ruiz informou à diretoria que os jogadores não queriam mais trabalhar com o treinador.
Ex-comandante de vários clubes colombianos, Pinto foi o sucessor do argentino e deixou a direção dos costarriquenhos em 2014, mesmo após levá-los de forma surpreendente até as quartas de final da última Copa do Mundo.
As declarações de Del Valle, que também acusou o vestiário costarriquenho de ser rachado em três grupos (os "europeus", os jogadores que atuam nos EUA e os atletas que jogam no próprio país) caíram como uma bomba.
Afinal, Navas e Ruiz são os dois principais ícones da seleção. O goleiro é simplesmente o jogador da Costa Rica de maior sucesso em todos os tempos. Titular do Real Madrid há três anos e meio, ele tem no currículo dois títulos de Liga dos Campeões da Europa.
Já Ruiz é o capitão da seleção e também o principal jogador de linha da sua geração. Aos 32 anos, ela já acumula 107 partidas e 23 gols pelos "Ticos", apelido pelo qual a equipe é conhecida.
A crise provocada pelas denúncias de Del Valle foi tão grande que o presidente da Fedefútbol (Federação Costarriquenha de Futebol), Rodolfo Villalobos, chegou a convocar uma entrevista coletiva para defender os jogadores.
O dirigente negou que Navas e Ruiz influenciem as decisões tomadas pela federação e fez questão de lembrar que La Volpe jamais foi demitido, mas sim deixou o cargo por escolha própria.
Apesar dos panos quentes, a crise está instaurada e a imagem dos dois principais jogadores da seleção ficou chamuscada pelas denúncias.
Brasil e Costa Rica se enfrentam no dia 22 de junho, em São Petesburgo, pela segunda rodada da Copa-2018. Sérvia e Suíça são as outras seleções da chave.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.