Ibra torce mais pelo Brasil que pela Suécia: verdade ou lenda urbana?
Rafael Reis
18/12/2017 04h00
Maior goleador da história da Suécia, Zlatan Ibrahimovic não dá a mínima para os resultados alcançados pela seleção da sua terra natal, mas é completamente obcecado pela seleção brasileira.
Se você curte futebol internacional, é bem possível que já tenha ouvido de algum amigo, recebido no WhatsApp ou visto no Facebook que o camisa 10 do Manchester United é mais torcedor do Brasil do que da Suécia.
Mas será que essa história é realmente verdadeira? Ou será que ela é apenas mais uma das inúmeras lendas urbanas que circulam pelas redes sociais e que constroem o folclore do esporte número 1 do planeta?
Bem, a preferência de Ibra pela seleção brasileira em detrimento da sueca não chega a ser uma completa mentira, como o autismo de Messi e a transexualidade de Verratti. Só que também não é 100% verdadeira, como o fato de Piqué ser superdotado.
A resposta para essa questão está na própria autobiografia do centroavante, "Min historia, Jag är Zlatan Ibrahimovic" ("Minha história, eu sou Zlatan Ibrahimovic", em tradução livre para o português), lançada em 2011.
Além dos bastidores de sua conturbada passagem pelo Barcelona e das inúmeras críticas dirigidas a Pep Guariola, Messi e cia., o livro conta que, durante a infância e a adolescência, Ibra realmente gostava mais do Brasil do que da Suécia e inclusive chegou a torcedor contra seu país nos encontros entre as duas seleções na Copa do Mundo-1994.
Razões para essa preferência não faltavam. Para começar, o hoje astro do futebol mundial não se sentia muito sueco na juventude, já que é filho de pai bósnio com mãe croata e cresceu em Rosengard, um bairro de Malmö que é dominado por imigrantes.
Além disso, Ibra era (e ainda é) muito fã dos atacantes brasileiros. Seu maior ídolo no futebol é Ronaldo, reserva da seleção tetracampeã mundial em 1994. Romário, titular e principal jogador daquela conquista, também sempre foi uma de suas maiores referências.
O centroavante só deixou de lado sua paixão pelo Brasil para abraçar a Suécia depois que estreou pela seleção principal, em 2001. Em 116 jogos com a camisa amarela, ele marcou 62 gols, mais que qualquer outro jogador da história da equipe.
Ibra participou das Copas do Mundo de 2002 e 2006 e das quatro edições mais recentes da Eurocopa (2004, 2008, 2012 e 2016). Depois da última, anunciou sua aposentadoria da seleção.
Aos 36 anos, ele foi visto recentemente comemorando nas tribunas do estádio de Solna a vitória da Suécia sobre a Itália, que encaminhou a classificação do seu país para a Copa-2018. Nas redes sociais, há uma forte campanha pedindo que ele volte atrás em sua decisão e dispute o Mundial do próximo ano.
Ou seja, se Brasil e Suécia se encontrarem na Rússia-2018, Ibrahimovic não estará na torcida pelo time de Tite, Neymar e Gabriel Jesus. Para ele, a seleção brasileira foi uma paixão de infância…
Mais de Cidadãos do Mundo
–Médica foi alvo de polêmica no Chelsea e agora quer distância do futebol
–Recordista de prêmios, Messi entra na briga por 5ª Chuteira de Ouro
–De Tevez a irmão de Romero: 7 gringos que podem pintar no Brasil em 2018
–Maestro do Real, Kroos já foi acusado de só jogar por ser filho do técnico
Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.