Rival na Copa, suíço tem DNA carioca, chorou pelo Brasil e é louco pelo Fla
Rafael Reis
03/12/2017 04h00
"Eu estava acompanhando o sorteio e até chamei um amigo para ver comigo quem seria o primeiro adversário do Brasil. Quando sortearam a Suíça, foi uma surpresa. Estou muito feliz, minha família também. Será um honra enfrentar o Brasil."
É com um português quase perfeito, praticamente livre de sotaque, que o zagueiro Léo Lacroix, do Saint-Étienne (FRA), conta sobre o momento que descobriu que sua seleção estrearia na Copa-2018 contra o time pentacampeão mundial.
A fluência no idioma tem uma explicação. O defensor pode até ter nascido em Lausanne, uma das principais cidades suíças. Mas seu metade do seu DNA e seu coração são genuinamente brasileiros. Ou melhor ainda, cariocas.
Lacroix é fruto do casamento de uma brasileira com um suíço, cresceu no meio de uma comunidade brasileira na Europa, adora churrasco, curte um pagodinho e é completamente apaixonado pelo Flamengo.
Na Copa-1998, chorou com a derrota brasileira na final ante a França. E, durante a adolescência, morou por um tempo no Rio de Janeiro para aprender um pouco da malandragem carioca dentro dos campos.
"Quando passamos pela repescagem [contra a Irlanda do Norte] e nos classificamos para a Copa já me veio o pensamento: quero enfrentar o Brasil. Só não imaginei que esse sonho se tornaria realidade."
Formado nas categorias de base do Sion, clube duas vezes campeão suíço, e com passagem pelo São Cristóvão, mesmo time que revelou Ronaldo Fenômeno, o defensor 50% carioca joga no Saint-Étienne desde o ano passado.
A primeira chance na seleção principal também chegou em 2016, quando foi chamado para as partidas contra Hungria e Andorra, pelas eliminatórias.
Lacroix ainda não disputou nenhuma partida oficial pela Suíça, mas esteve na última convocação feita pelo técnico Vladimir Petkovic. E é nisso que ele se apoia para acreditar em um encontro dentro de campo com o Brasil no dia 17 de junho, em Rostov.
"Serão sete meses de muito trabalho pelo clube para conquistar essa vaga. Vamos ver se serei convocado para os próximos amistosos."
E o zagueiro já até tem em mente uma partida para a Suíça se espelhar e conseguir derrotar o futebol pentacampeão mundial na primeira rodada da Copa.
"O Brasil tem um time muito forte. Mas, em 2010, a Espanha também tinha e conseguimos surpreender na estreia [vitória por 1 a 0]", completa.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.