China tem técnico mais caro que Guardiola, mas patina nas eliminatórias
Rafael Reis
10/11/2016 06h00
Não é segredo para ninguém que a China sonha voltar a disputar uma Copa do Mundo e tem o objetivo de se tornar uma potência futebolística no futuro. E o país não poupa esforços, e muito menos dinheiro, para alcançar essa meta.
Em crise nas eliminatórias para o Mundial da Rússia-2018, o gigante asiático contratou no mês passado o italiano Marcello Lippi, campeão da Copa-2006 com a Azzurra, para dirigir sua equipe e tentar uma classificação para milagrosa.
Até aí, nada demais. O que chama atenção é o valor que será depositado anualmente na conta do treinador: 20 milhões de euros (quase R$ 71 milhões), bem mais do que os 15 milhões de euros (R$ 53,3 milhões) que Pep Guardiola recebe no Manchester City.
Oficialmente, Lippi ganha "apenas" 4,5 milhões de euros (R$ 16 milhões) de salário. Mas a proposta que o levou à Ásia inclui ainda um "cachê" anual de 15,5 milhões (R$ 54,8 milhões) para atuar como garoto propaganda do Guangzhou Evergrande, time que dirigiu entre 2012 e 2014 e que tem Luiz Felipe Scolari como treinador.
A injeção desenfreada de dinheiro foi a fórmula encontrada pelos chineses para tentar fazer o país mais populoso do mundo deixar de ser um nanico no futebol –só disputou uma Copa, em 2002, e foi eliminada com três derrotas, sem marcar um mísero gol.
Só nos últimos três anos, a Superliga Chinesa, a primeira divisão do futebol local, gastou 680 milhões de euros (R$ 2,4 bilhões) na contratação de reforços.
O investimento levou ao Oriente jogadores com mercado para atuar em grandes clubes da Europa, com os brasileiros Ramires, Alex Teixeira e Hulk, o argentino Lavezzi, o colombiano Guarín, o italiano Pellè e o marfinense Gervinho. O zagueiro Gil e o meia Renato Augusto, dois jogadores que fazem parte do elenco da seleção de Tite, também atuam por lá.
A intenção dos chineses é conquistar o torcedor e também fazer com que essas estrelas internacionais ajudem no desenvolvimento dos atletas locais.
Mas, apesar de todo o dinheiro investido, a China ainda patina (e muito) em seu objetivo de chegar à Copa.
A seleção vermelha é a lanterna do Grupo A na fase final das eliminatórias asiáticas, com apenas um ponto ganho em 12 disputados. Em suas últimas cinco partidas oficiais, foi derrotada por Cazaquistão, Coreia do Sul, Síria e Uzbequistão. Só empatou com o Irã, em casa.
Na soma das duas chaves do qualificatório, os chineses ocupam hoje a 11ª colocação. Nas eliminatórias de 2014, tiveram a 12ª melhor campanha. Evolução? Isso parece muito mais estagnação. Apesar de todo o dinheiro do mundo.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.