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Eles "brigavam" na base do Santos, mas hoje testam amizade na Champions

Rafael Reis

28/09/2016 06h00

Assim que terminou o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões, "Moreco" fez questão de pegar seu celular e ligar para "Marcelão" para conversar sobre o próximo encontro dos amigos de longa data.

Nesta quarta-feira, em Istambul, o atacante Júnior Moraes (Dínamo de Kiev) e o zagueiro Marcelo (Besiktas) não terão muito tempo para conversar e celebrar a amizade. Eles estarão em lados opostos na maior competição interclubes do mundo.

Será um teste para um relacionamento longo e que não começou tão bem quanto a forte amizade atual entre eles faz parecer.

Nascidos na Baixada Santista há 29 anos, eles se conhecem desde as peladas em São Vicente durante a adolescência. Logo depois, foram para as categorias de base do Santos. E aí, ainda não viraram grandes amigos…

"Nunca saímos no braço, mas sempre rolava umas discussões, um stress. Todo treino tinha uns atritos entre a gente", diz Marcelo, que costuma chamar carinhosamente o amigo de Moreco.

"Você acha que eu ia ser amigo de zagueiro? Eu só tinha amigo atacante. O problema é que, no sub-20, a gente sempre treinava um contra o outro, e ele costumava dar aquelas mordidas no meu tornozelo. Eu não gostava, aí aconteciam os conflitos", afirma Júnior, sobre Marcelão.

O relacionamento só deixou de ser tumultuado e virou amizade quando Marcelo começou a namorar uma amiga de infância do ex-rival. Em 2007, já bastante próximos, eles conquistaram a única taça como profissionais do Santos, o Campeonato Paulista.

Júnor, então conhecido apenas como Moraes e herói do título estadual, ainda foi emprestado à Ponte Preta e Santo André antes de dar início a sua carreira internacional. Na Ucrânia desde 2012, é hoje o artilheiro do Dínamo de Kiev na temporada, com cinco gols.

Marcelo ficou menos tempo ainda na Vila Belmiro. Em 2008, foi jogar na Polônia. Depois, passou por Holanda (PSV Eindhoven) e Alemanha (Hannover). Desde fevereiro, defende o Besiktas, atual campeão turco.

Em um grupo que conta com os favoritos Benfica e Napoli, o confronto entre os velhos amigos, que fazem questão de manter contato sempre e falam com carinho um do outro, pode valer o posto de maior candidato à zebra da chave. Mas, antes de irem a campo, eles preferem celebrar o reencontro a estimular a velha rivalidade.

"Estou muito orgulhoso por poder jogar um campeonato tão importante ao lado de um amigo. É incrível pensar em quando começamos e ver onde estamos hoje", filosofa Marcelo.

"A Champions League tem trazido um sentimento muito diferente para mim. É um torneio internacional, o maior depois da Copa do Mundo, e abrange vários países, mas parece que estou em casa. Ela não me proporciona só grandes momentos, mas também belos reencontros", completa Júnior Moraes.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis