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Rafael Reis

Em 3 anos, ex-Flu vai de sonho no Barcelona a lanterna em Hong Kong

Rafael Reis

29/03/2019 04h00

No começo de 2016, Robert recebeu a melhor notícia de sua carreira. Depois de pouco participar da campanha do Fluminense no Campeonato Brasileiro, o jovem se mudaria para a Espanha e defenderia um dos clubes mais poderosos do planeta, o Barcelona.

A princípio, o contrato seria curto, de apenas seis meses. E o meia-atacante não seria imediatamente companheiro de Lionel Messi e Luis Suárez, já que faria parte do elenco do Barça B, que disputa a terceirona espanhola.

Crédito: Divulgação

Mesmo assim, aquela era uma oportunidade de ouro. Robert sonhava em repetir na Catalunha os passos que Casemiro havia dado na capital do país. O volante também havia sido contratado para jogar na equipe filial do Real Madrid, mas deu tão certo por lá que foi efetivado no time principal e ganhou vaga na seleção.

Só que o conto de fadas da cria das categorias de base do Flu na Europa ficou só na expectativa. Três anos depois da passagem pelo Barcelona, o brasileiro hoje dá expediente no último colocado do campeonato nacional de Hong Kong.

Aos 22 anos, Robert é o nome mais famoso do Hoi King, time que só ganhou um dos 14 jogos que disputou nesta temporada, já soma 12 derrotas na competição e ostenta um saldo negativo de 39 gols.

Em Hong Kong desde julho, o atacante foi parar no pior time da primeira divisão do país asiático depois de não dar certo no Kitchee, equipe número um do futebol nacional. Reserva por lá, foi emprestado em janeiro ao clube nanico para recuperar o ritmo de jogo.

Ritmo de jogo, aliás, é o que o brasileiro não conseguiu ter três anos atrás, lá no Barcelona. Robert desembarcou na Catalunha badalado pelo sucesso que fez na base do Flu e com preço fixado em 7 milhões de euros (R$ 31 milhões, na cotação atual).

Só que ele praticamente não vestiu a camisa blaugrana. Para começar, problemas de documentação fizeram com que ele só tivesse condições de jogo em março, na reta final da temporada. As dificuldades para se manter no peso, que, segundo o jornal "Sport", renderam-lhe o apelido de "Neymar Gordo", também não ajudaram.

Resultado: o único jogo oficial que ele disputou pelo Barça foi a decisão da Copa Catalunha, contra o Sabadell. E, ainda assim, só participou dos minutos finais da partida.

Devolvido ao Flu, Robert também não conseguiu se destacar no futebol brasileiro. Primeiro, foi emprestado ao Paysandu para jogar a Série B. Depois, disputou o Estadual do Rio de 2017 pelo Boavista.

No começo de 2018, acabou dispensado do clube onde iniciou a carreira. Ficou desempregado durante todo o primeiro semestre até assinar com a Ponte Preta. Cinco dias depois, rescindiu para tentar a sorte na Ásia.

O futebol de Hong Kong é pouco expressivo até dentro do cenário asiático. A prova disso é que o país não tem nem vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões do continente. O vencedor do Nacional entra na segunda rodada das eliminatórias da Champions — nesta temporada, o Kitchee foi derrotado logo de cara pelo Perak, da Malásia.

É nessa ex-colônia britânica encravada no litoral da China que Robert tenta reconstruir sua carreira depois de ver a passagem pelo Barcelona ter sido apenas um sonho mal concretizado.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.