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Rafael Reis

"É uma bomba", diz meia brasileiro sobre fraudes no futebol da Bélgica

Rafael Reis

11/10/2018 04h00

"É uma bomba. Todo mundo está muito surpreso e não para de comentar o caso. Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer por aqui."

Foi assim que o meio-campista brasileiro Fernando Canesin, do Oostende, reagiu à eclosão de um escândalo de corrupção que ameaça manchar o futebol da Bélgica, país da seleção que foi terceira colocada na Copa do Mundo-2018.

Na última quarta-feira, a polícia da terra de Eden Hazard, Romelu Lukaku e Kevin de Bruyne comandou uma megaoperação em 57 localidades de dez países diferentes para investigar um suposto esquema de fraudes no mercado de transferência de jogadores, lavagem de dinheiro e manipulação de resultados no futebol belga.

Dez dos 16 clubes da primeira divisão receberam visitas de policiais. Além de apreensão de documentos, computadores e dinheiro, vários suspeitos de participar do esquema foram levados para interrogatório.

De acordo com diferentes veículos da imprensa belga, o croata Ivan Leko, técnico do Brugge, atual campeão nacional e representante do país na fase de grupos da Champions, e o empresário Mogi Bayat, agente mais poderoso do futebol local e responsável pelas transferências de boa parte da "geração belga" para o exterior, estão entre os investigados.

"Quando cheguei para treinar, ainda não sabia de nada. Fiquei assustado quando vi todo mundo comentando o que estava acontecendo. Estão falando que há muita gente envolvida, e gente importante. É uma pena isso acontecer na Bélgica justamente agora que ela se tornou uma grande vitrine."

Canesin é um veterano de futebol belga. Revelado pelo Olé Brasil, de Ribeirão Preto (SP), mudou-se para a Europa em 2009, com apenas 17 anos, e chegou a jogar ao lado de Lukaku, de quem é amigo, no Anderlecht antes de chegar ao seu atual clube.

Segundo o meio-campista, todo jogador que atua na elite do país precisa assinar anualmente um contrato onde constam várias proibições que visam coibir o risco de corrupção no campeonato nacional.

"Um pouco antes de começar a temporada, já recebemos um termo que, por exemplo, nos proíbe de usar sites de apostas esportivas na Bélgica ou em qualquer outro lugar do mundo", explica.

A investigação sobre possíveis atos de corrupção no futebol belga começou no final do ano passado, a partir de um relatório da Unidade de Fraudes Esportivas da Polícia Federal que apontava transações financeiras suspeitas na primeira divisão nacional envolvendo pagamentos de salários de jogadores e treinadores e comissões de agentes.

De acordo com o Ministério Público, durante as investigações, descobriu-se também uma suposta "influência" nos resultados dentro de campo da temporada 2017/18.

Formada basicamente por jogadores que atuam no exterior, principalmente na Inglaterra, a Bélgica fez na Copa-2018 a melhor campanha de sua história. Para chegar ao terceiro lugar, os "Diabos Vermelhos" derrotaram o Brasil nas quartas de final da competição.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.