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Rafael Reis

Global, Copa-2018 terá 80 jogadores em seleções de países onde não nasceram

Rafael Reis

09/06/2018 04h00

Thiago Alcântara nasceu na Itália. Samuel Umtiti e Breel Embolo, em Camarões. Raheem Sterling é natural da Jamaica. Johan Djorou, da Costa do Marfim. Nordim Amrabat é holandês de nascimento. Gotoku Sakai, norte-americano.

Nenhum dos países onde eles nasceram conseguiu se classificar para a Copa do Mundo. Mas todos eles estarão nos gramados da Rússia a partir da próxima quinta-feira.

Os sete jogadores citados acima fazem parte de um grupo expressivo, que ultrapassa os 10% do total de convocados para a competição mais importante do futebol mundial. Dos 736 inscritos na Copa-2018, 80 vão defender seleções que não são a da terra onde nasceram.

O caso mais emblemático é o de Marrocos. De volta aos Mundiais depois de 20 anos de ausência, a equipe norte-africana só convocou seis atletas naturais do próprio país. Os outros 17 integrantes de sua seleção são nascidos na França, Holanda, Espanha, Canadá e Bélgica.

Portugal, Suíça, Senegal e Suíça também têm pelo menos 30% dos seus elencos compostos por jogadores "estrangeiros".

Só dez das 32 seleções da Copa-2018 contam apenas com atletas nascidos dentro do seu território. O Brasil é uma delas, assim como Alemanha, Colômbia, Bélgica, Suécia e Coreia do Sul.

A França é o país que mais cedeu jogadores para o Mundial. São 48 atletas oriundos da terra de Michel Platini e Zinédine Zidane espalhados pelas seleções da Copa. Isso significa duas convocações completas. E ainda mais nomes sobrando.

A Holanda, que nem conseguiu se classificar para a competição, é outro caso que chama a atenção. O país de Johan Cruyff produziu sete jogadores para a Rússia-2018, mais que Marrocos, uma das 32 seleções participantes.

Já o Brasil terá 28 representantes no torneio. Além dos 23 convocados por Tite, outros cinco jogadores nasceram na casa do futebol pentacampeão mundial: os zagueiros Thiago Cionek (Polônia) e Pepe (Portugal), o lateral direito Mário Fernandes (Rússia) e os atacantes Diego Costa e Rodrigo (Espanha).

O número da Copa-2018 é semelhante ao registrado no Mundial passado. Quatro anos atrás, 83 atletas defenderam seleções diferentes da do país onde nasceram. Ou seja, o processo de globalização do futebol parece ter encontrado um ponto de equilíbrio.

A maior parte do grupo dos "estrangeiros" do Mundial da Rússia não é formada por atletas que decidiram buscar uma nova cidadania para conseguir uma chance de disputar a competição, mas sim por jogadores que se mudaram para novos países ainda na infância/adolescência ou descendentes de migrantes que optaram por defender a seleção da terra dos seus antepassados.

É por isso que a Copa-2018 tem tantos nascidos na França. O país é uma porta de entrada na Europa para migrantes africanos e foi metrópole de Tunísia, Marrocos e Senegal, três seleções que estarão no torneio.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.