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Rafael Reis

Como nova posição no Barça faz Paulinho reviver "fantasma" do Tottenham

Rafael Reis

14/03/2018 04h00

"Paulinho lembrou mais o jogador irrelevante do Tottenham do que o prodigioso chegador do Barça".

O trecho acima, publicado pelo jornal "Sport" após o empate por 1 a 1 com o Chelsea, há três semanas, no confronto de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa, mostra como a lua de mel do brasileiro com o Barcelona chegou ao fim.

Surpresa positiva da equipe catalã na primeira metade da temporada, o titular do meio-campo da seleção brasileira perdeu rendimento depois da virada de ano e entra no jogo de volta contra os ingleses, nesta quarta-feira, às 16h45 (de Brasília) despertando dúvidas e "na berlinda".

A questão que preocupa os torcedores do Barcelona é: será que Paulinho é capaz de se adaptar às novas obrigações táticas impostas pelo técnico Ernesto Valverde? E a resposta dada por ele até o momento não é das mais positivas.

Contratado por 40 milhões de euros (R$ 160 milhões) do Guangzhou Evergrande, o brasileiro driblou a desconfiança e teve sucesso imediato na Espanha atuando como uma espécie de terceiro atacante.

Sem Dembélé, que se machucou em setembro, e com opções pouco confiáveis para atuar pelas faixas laterais do ataque, Valverde decidiu armar o Barça no 4-4-2, com Messi e Suárez lá na frente e quatro homens com características mais centrais no meio.

Paulinho era o mais avançado deles. Sem tantas preocupações defensivas, devido ao bloqueio exercido por seus três companheiros, ele pode fazer aquilo que melhor sabe desde os tempos de Corinthians: surgir como elemento surpresa na área adversária e decidir partidas.

O resultado disso foi uma avalanche de boas atuações e elogios. Até o dia 14 de janeiro, ele acumulava 25 jogos pelo Barcelona, com oito gols e duas assistências.

Desde então, seca total. Paulinho não voltou a balançar as redes e nem sequer participou ativamente de algum gol marcado por Messi, Suárez, Iniesta ou qualquer outro jogador. O Barça mudou, e ele ainda não se adaptou.

Com a recuperação de Dembélé e a contratação de Philippe Coutinho, o clube catalão passou a alternar o 4-4-2 e o 4-3-3-. Mas, mais importante, voltou a usar formações com homens mais agudos pelos lados do campo.

Com isso, Paulinho perdeu liberdade para agredir a área rival. Atuando como segundo volante ou terceiro homem do meio (pela faixa central no 4-3-3 ou aberto, mas com mais preocupações defensivas, no 4-4-2), viu seu futebol desabar e passou a conviver com críticas.

A mais costumeira é justamente a citada logo no começo do texto, uma comparação com a péssima passagem pelo Tottenham –ficou dois anos no futebol inglês e não conseguiu encontrar uma posição em campo para se destacar.

Um bom indício da queda do futebol de Paulinho, além dos números absolutos de gols e assistências, é a sua classificação no ranking do "Who Scored?", site que transforma as estatísticas do jogador em uma nota que mede sua avaliação em campo.

Até o meio de janeiro, o camisa 15 do Barcelona tinha nota 7,1 nesta temporada. Ao longo dos últimos meses, sua média caiu para 6,5.

Para avançar às quartas de final da Liga dos Campeões, o time de Paulinho precisa apenas de um 0 a 0 contra o Chelsea. Empate com gols (com exceção do 1 a 1, que leva a disputa para a prorrogação) dá a vaga aos ingleses.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.