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Rafael Reis

Como um produtor de cinema transformou time falido no líder do Italiano

Rafael Reis

11/01/2018 04h30

Treze anos atrás, o Napoli era um clube em estado de falência, com dívidas na casa de 70 milhões de euros (R$ 270 milhões) e que estava perdido no último escalão do futebol da Itália. Hoje é um dos times mais admirados da Europa, lidera o Campeonato Italiano e sonha com o título que não conquista desde a "era Maradona".

Essa história de superação é tão boa que parece até coisa de cinema, não? Pois o homem responsável por escrevê-la ganha a vida justamente fazendo filmes.

Aurelio de Laurentiis é dono do Napoli desde setembro de 2004. Antes, já era um renomado produtor de cinema italiano especialista em filmes natalinos e presidente da Federação Internacional de Associações de Produtores Cinematográficos.

Sobrinho de Dino de Laurentiis, vencedor do Oscar de melhor filmes estrangeiro de 1958 com "Noites de Cabíria" e produtor de sucessos como "Hannibal" e "Conan, o Bárbaro", o magnata decidiu se dedicar ao futebol quando viu o roteiro do Napoli se desfazendo.

Em 2004, o clube estava condenado à falência. Sua situação financeira era tão grave que ele chegou a ser expulso da entidade que organiza o futebol profissional na Itália. Foi aí que surgiu De Laurentiis.

O produtor de cinema pagou 30 milhões de euros (aproximadamente R$ 115 milhões) pelo espólio, refundou o clube com um novo nome (Napoli Soccer, no lugar do tradicional Società Sportiva Calcio Napoli, recuperado mais tarde) e teve de recomeçar na Serie C1, a terceira divisão italiana e a última do futebol profissional.

A promessa do novo proprietário que o Napoli retornaria à elite do Calcio em cinco temporadas. A meta foi alcançada bem antes, em apenas três anos.

Impulsionado por uma torcida fiel, que chegou a levar 51 mil pessoas a um jogo de terceira divisão, por um ótimo senso de negócios de Laurentiis, que multiplicou as receitas do clube com diretos de TV e patrocinadores, e pelos bons reforços contratados, como Cavani, Hamsik e Higuaín, o time foi se tornando aos poucos uma das potências do Calcio.

Em 2011, o Napoli voltou a disputar a Liga dos Campeões da Europa. No ano seguinte, ganhou a Copa Italia, seu primeiro título de elite desde 1990. Em 2014, repetiu a dose. Desde 2010, sempre termina o Campeonato Italiano entre os seis primeiros colocados –foi vice-campeão em 2013 e 2016.

O objetivo que falta ao clube é faturar o Italiano pela terceira vez. Nas outras duas, 1987 e 1990, o time era liderado dentro de campo por Diego Armando Maradona, o maior jogador de sua história.

Apesar de não contar com nenhuma estrela digna de Hollywood, como era o camisa 10 argentino, o Napoli faz bonito na atual temporada. Depois de 20 rodadas disputadas, soma 51 pontos, um a mais que a Juventus, vencedora das últimas seis edições do campeonato.

O time dirigido pelo técnico Maurizio Sarri, hoje uma quase unanimidade no Calcio, tem a melhor defesa do país, com apenas 13 gols sofridos, e um setor ofensivo liderado por baixinhos cheios de habilidade e talento, como o belga Dries Mertens (1,69 m) e o italiano Lorenzo Insigne (1,63 m).

São eles os personagens em que o Napoli aposta para que o filme que começou a ser escrito há pouco mais de 13 anos por De Laurentiis encontre nesta temporada seu final feliz.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.