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Rafael Reis

"Messi das Arábias": quem é o fenômeno asiático que meio mundo não conhece?

Rafael Reis

23/12/2017 04h00

Sua conta no Instagram tem 1 milhão de seguidores, mais do que as de alguns jogadores de Barcelona, Real Madrid e Bayern de Munique. Um vídeo mostrando suas jogadas de efeito no YouTube já foi visualizado 5 milhões de vezes. Seu apelido é "Messi das Arábias". E mesmo assim é bem provável que você não o conheça.

Omar Abdulrahman é um fenômeno de popularidade no Oriente Médio, um atleta quase tão famoso quanto Neymar e Cristiano Ronaldo por lá. Só que o resto do planeta mal sabe de sua existência.

Não à toa uma recente reportagem da rede britânica BBC sobre o meia-atacante o chamou de "o melhor jogador de futebol de quem você jamais ouviu falar".

Nascido em Riad, capital da Arábia Saudita, Abdulrahman só jogou profissional por uma equipe, o Al-Ain, e desde 2011 defende a seleção dos Emirados Árabes Unidos, país onde vive e que lhe concedeu uma nova cidadania.

Ou seja, o camisa 10 é o craque de um time asiático que nunca disputou o Mundial de Clubes (única vez no ano que o restante do planeta olha para o futebol daquele continente) e de uma seleção que não joga a Copa do Mundo. Por isso, quase ninguém que vive longe do Oriente Médio o conhece.

Mas dentro de sua casa, ele é um popstar. O "Messi das Arábias" foi capa da edição local do game "Pro Evolution Soccer 2016", já foi embaixador de um Mundial sub-17 e é garoto propaganda da Nike.

Dono de uma cabeleira digna de David Luiz, o que lhe dá um ar ainda mais carismático, Abdulrahman possui uma habilidade rara no futebol asiático e costuma executar dribles performáticos, dignos de um atleta de freestyle.

Sim, além de extremamente popular, o meia-atacante é um grande jogador. E quem diz isso não sou eu, mas sim os prêmios que ele conquistou e quem costuma vê-lo em ação bem de pertinho.

Em 2016, o camisa 10 do Al-Ain desbancou o sul-coreano Son (Tottenham) e o japonês Okazaki (Leicester) e foi eleito o melhor jogador asiático do ano.

"Para mim, ele é capaz de jogar em qualquer liga da Europa. Quando ele recebe a bola, o estádio inteiro fica na expectativa sobre que ele vai fazer porque sabe que algo de bom vai acontecer. Ele é fantástico", disse o holandês Henk ten Cate, técnico do Al-Jazira, atual campeão dos Emirados, à BBC.

Mas se Abdulrahman é tão bom assim, por que ele continua escondido no Oriente Médio e ainda não foi descoberto por nenhum grande clubes europeu?

Na verdade, ele já foi descoberto. Em 2013, o meia-atacante passou por duas semanas de testes no Manchester City. Desde então, já recebeu propostas de Benfica, Arsenal e Nice, mas todas foram rejeitadas por Mohammed bin Zayed, um príncipe de Abu Dhabi suficientemente rico para esnobar as ofertas vindas da Europa.

Mas, aos 26 anos, Abdulrahman está prestes a viver o momento mais decisivo de sua carreira. O contrato com o Al-Ain termina no fim de fevereiro, e ele já tem em mãos propostas de Everton e Fenerbahce.

Ou seja, a partir de março, o "Messi das Arábias" estará livre para enfim ganhar o mundo. E deixar de ser um popstar que mais da metade do planeta não conhece.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.