Topo

Rafael Reis

Firmino elogia "rival" Gabriel Jesus e ainda não se vê na Copa-2018

Rafael Reis

07/11/2017 04h00

Sete gols na atual temporada, a titularidade do Liverpool e mais de um ano consecutivo sem ficar fora de uma convocação da seleção brasileira por critérios técnicos. Aos 26 anos, Roberto Firmino parece nome certo na lista de Tite para a Copa do Mundo-2018.

Só que o atacante não acha isso. Para Firmino, "muito difícil dizer que atleta A ou B está garantido na lista final para a Copa do Mundo" e é preciso continuar trabalhando duro para conseguir realizar seu sonho de infância e viajar para a Rússia em junho do próximo ano.

Natural de Alagoas, Firmino era praticamente um desconhecido no Brasil quando, após duas temporadas como profissional, trocou o Figueirense pelo Hoffenheim, da Alemanha.

As primeiras chances na seleção vieram em 2014, quando era um dos destaques da Bundesliga. No ano seguinte, desembarcou no badalado do Campeonato Inglês como uma contratação de 41 milhões de euros (R$ 156 milhões) do Liverpool.

Em entrevista ao "Blog do Rafael Reis", Firmino falou sobre a adaptação ao posto de centroavante, revelou a importância do técnico Jürgen Klopp no seu crescimento como jogador e fez vários elogios a Gabriel Jesus, seu titular na seleção.

"É um garoto de ouro e merece todo o sucesso que vem fazendo."

Confira abaixo a íntegra do bate-papo com o atacante do Liverpool, que enfrenta nesta sexta-feira o Japão e joga na próxima terça (14) contra a Inglaterra.

Desde sua chegada ao futebol europeu, você nunca foi tão centroavante quanto agora. Por que houve essa mudança no seu posicionamento? Como foi a adaptação a essa função?
Acredito que o trabalho do treinador seja esse de achar a melhor posição para os atletas que tem no elenco. Temos jogadores que atuam mais pelo lado, como o Mané e o Salah, além do Philippe Coutinho, que faz um papel de vir mais de trás. O Klopp vem usando bastante essa formação e tem dado certo. Espero que os gols continuem saindo e o Liverpool vencendo suas partidas.

Este início de temporada tem sido o melhor da sua carreira, pelo menos em relação ao número de gols marcados. Por que você tem feito tantos gols?
É difícil definir um motivo específico para um bom momento de um atleta. Estou entrando na minha terceira temporada pelo Liverpool e a cada ano que passa me sinto mais à vontade, mais em casa, e isso é muito positivo pra mim. Ter a oportunidade de trabalhar com o Klopp foi muito bom para o meu desenvolvimento. Ele é um treinador que cobra muito, tem muita experiência e entende muito de futebol.

O quanto o Klopp, que já te conhecia desde a Alemanha, ajudou a fazer o seu futebol crescer?
O Klopp é um cara fantástico. Tem aquele jeito diferente de comemorar os gols, é bastante agitado, mas é uma pessoa incrível. O Liverpool acertou em cheio quando trouxe ele pra cá e, certamente, esse crescimento do clube nas últimas temporadas passa diretamente pelas mãos dele. Espero que no final da temporada possamos comemorar um título juntos para celebrar esse excelente trabalho desenvolvido por ele.

Faz mais de um ano que você não fica fora de uma convocação da seleção por critérios técnicos. Sua vaga na Copa já está garantida?
Acho muito difícil dizer que atleta A ou B está garantido na lista final para a Copa do Mundo. É um sonho que tenho desde criança, trabalhei minha carreira inteira para defender a seleção, e disputar uma Copa é algo que sempre me imaginei fazendo parte. Fico feliz pelas convocações do professor Tite, mas ainda temos um longo caminho até a Rússia. Tenho que continuar focado em fazer bem meu trabalho aqui no Liverpool, para, se Deus quiser, estar na lista final.

Você sentiu preconceito de parte da torcida e da imprensa nas primeiras convocações para a seleção por ser um cara pouco conhecido dentro do Brasil?
Não senti isso diretamente comigo. Como saí muito cedo, depois de apenas um ano como profissional no Figueirense, seria natural que algumas pessoas não me conhecessem. Quando fui convocado pela primeira vez, em 2014, pelo professor Dunga, foi uma sensação especial, única. Mas aquela primeira vez foi resultado do bom momento que eu vivia no Hoffenheim, da Alemanha. Quando vi meu nome pela primeira vez, fui surpreendido e, naquele momento, coloquei na cabeça que trabalharia muito para me manter sempre dentro do grupo da seleção.

Quando você deixou o Figueirense para se arriscar em um quase desconhecido Hoffenheim conseguia imaginar que um dia estaria prestes a disputar uma Copa do Mundo?
Copa do Mundo e seleção brasileira são, obrigatoriamente, os sonhos de qualquer jogador, desde criança, e comigo nunca foi diferente. Batalhei muito para chegar aonde estou e sei que ainda preciso trabalhar bastante para me manter no radar do professor Tite. A Copa do Mundo está cada vez mais próxima, mas até lá preciso manter um futebol de alto nível aqui no Liverpool e ajudar o clube a conquistar os objetivos na temporada.

O Gabriel Jesus virou uma espécie de mania na Inglaterra e hoje é titular na seleção. É possível roubar a vaga dele até a Copa?
O Gabriel Jesus é mais um ótimo talento que o futebol brasileiro revelou nos últimos anos. Chegou aqui no Manchester City com personalidade, lidou bem com a pressão de atuar em uma das ligas mais competitivas do mundo e vem correspondendo dentro de campo, tanto com a camisa do City quanto com a da seleção. É um garoto de ouro e merece todo o sucesso que vem fazendo.

Seu último título foi a Série B do Campeonato Brasileiro, sete anos atrás. E qual será o próximo? A Copa do Mundo?
Estou com boas expectativas para a minha temporada aqui no Liverpool. O clube montou um elenco forte, mantivemos a base do último ano e estamos fazendo um bom início de Premier League e Champions League. Ainda é cedo para falar em títulos, mas certamente temos objetivos na temporada e estamos trabalhando muito para alcançá-los.


Mais de Brasileiros pelo Mundo

– 6 jogadores que merecem um teste na seleção brasileira antes da Copa
– Como Talisca renasceu na Turquia e virou astro de zebra da Champions
– Goleiro de sensação do Inglês, Gomes projeta adeus em 2 anos para "ser pai"
– Como Neymar e astros da seleção protagonizaram vexame histórico na base

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.