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Rafael Reis

Como obsessão de Löw salvou a Alemanha da "maldição dos campeões mundiais"

Rafael Reis

02/07/2017 04h00

França, Brasil, Itália e Espanha. Todas as seleções campeãs mundiais entre 1998 e 2010 padeceram do mesmo mal na hora de defenderem seus títulos: com elencos envelhecidos, cheio de medalhões intocáveis, fracassaram no Mundial seguinte à conquista.

É claro que a Alemanha, que decide neste domingo a Copa das Confederações contra o Chile, também pode ter um resultado desastroso na Rússia-2018. Mas, certamente, não pelos mesmos motivos.

A campeã da Copa-2014 está protegida da maior maldição que costuma atingir as seleções vencedoras de Mundiais: a de não conseguir trocar a safra vencedora por uma nova. E a culpa é toda de uma certa obsessão do seu treinador, Joachim Löw.

"Se eu tenho dois jogadores de qualidade técnica similar, vou sempre escolher o mais jovem, porque ele será mais útil no futuro". É essa espécie de mantra que guia o trabalho do treinador, que está há 11 anos no comando do time germânico.

A obsessão de Löw pela renovação constante da seleção é facilmente provada. Em todas as grandes competições que disputou desde sua ascensão ao cargo, o treinador convocou pelo menos seis jogadores com até 23 anos.

Dos 23 campeões mundiais em 2014, pouco mais da metade (12) tem chances reais de participarem também do grupo que vai à Rússia no próximo ano. O restante se aposentou ou simplesmente sumiu das convocações do comandante alemão.

A filosofia do treinador faz todo sentido. Sua ideia é nunca ter em campo uma equipe muito velha, que não tenha pernas para competir contra rivais bem mais jovens e fortes fisicamente, e nem precisar recorrer a garotos pouco experimentados internacionalmente, que possam sentir o peso de uma partida importante.

Foi exatamente para dar bagagem a garotos que certamente lhe serão úteis no futuro (e também para dar descanso aos titulares antes da temporada do Mundial) que Löw optou por levar para a Copa das Confederações uma espécie de seleção B, formada na maioria por atletas que ainda buscam espeço na seleção.

E a estratégia deu muito certo. A Alemanha não apenas chegou à decisão do torneio pela primeira vez na história, como encontrou também algumas peças que certamente farão parte do seu elenco no próximo ano.

Uma delas é o meia Leon Goretzka, 22, do Schalke 04, que marcou duas vezes na semifinal contra o México. Outra é o atacante Timo Werner, 21, do RB Leipzig, com quem ele divide a artilharia da competição. E há ainda Benjamin Henrichs, Niklas Süle, Sebastian Rudy, Julian Brandt.

Uma coisa é certa: você não verá no próximo ano uma Alemanha envelhecida tentando defender seu título de campeã mundial. E a culpa é de Joachim Löw.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.