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Rafael Reis

Dá para levar a sério a "ressurreição" de Balotelli?

Rafael Reis

04/10/2016 06h00

Em seu primeiro mês no Nice, Mario Balotelli marcou praticamente o mesmo número de gols que havia feito na soma das duas temporadas anteriores, colocou o nanico time na liderança do Campeonato Francês, ganhou elogios públicos pela primeira vez em anos e voltou a ser cogitado para defender a seleção italiana.

Mas até que ponto dá para levar a sério a ressurreição do polêmico e marrento atacante de 26 anos?

Nice

Autor de seis gols em seus primeiros cinco jogos com a equipe rubro-negra, o Super Mario faz atualmente o melhor início de temporada de sua carreira.

Nem quando gozava do rótulo de atacante de primeiro escalão do futebol mundial e vestia as camisas de gigantes como Manchester City, Inter de Milão e Milan, o italiano chegou perto a uma média de um gol por partida.

A comparação com as duas últimas temporadas, o auge de sua decadência, chega a ser risonha. Em 2014/15, fez apenas quatro gols pelo Liverpool. Em 2015/16, de volta ao Milan, só três.

"Não esperava tanto do Balotelli", admitiu o técnico do Nice, o suíço Lucien Favre, já depois da terceira partida do atacante italiano –goleada por 4 a 0 sobre o Monaco.

Para recuperar Super Mario, o clube francês aposta na expertise de quem tirou do limbo a carreira de um outro jogador problemático, o talentoso e pouco responsável meia Hatem Ben Arfa, autor de 18 gols na temporada passada e hoje no Paris Saint-Germain.

Também chegado a um problema disciplinar, Balotelli se comportou relativamente bem no primeiro mês de Nice e ainda não atirou dardos nos garotos das categorias de base ou incendiou sua casa com fogos de artifício, como chegou a fazer no Manchester City.

Mas também já deu mostras de que sua personalidade não mudou tanto assim.

Logo na chegada à França, fez questão de dizer que se "treinar seriamente" pode "seriamente" ser eleito o melhor jogador do mundo em "dois ou três anos".

Também já foi expulso pela primeira vez no Nice. E por uma razão bastante idiota, bem a seu estilo.

Depois de marcar o golaço da vitória por 2 a 1 sobre o Lorient, no domingo, que manteve o time na liderança do Francês, tirou a camisa e levou o cartão amarelo. Três minutos depois, começou a discutir com um adversário na linha lateral e ganhou o vermelho.

Por essas e outras, é sempre bom manter um pé atrás com Balotelli e esperar se ele realmente conseguirá renascer para o futebol no Nice.

Foi o que fez o novo técnico da Itália, Giampiero Ventura. O treinador ignorou a pressão por acabar com o jejum de dois anos do atacante sem defender a seleção e o deixou fora da convocação para as partidas contra Espanha e Macedônia.

Quem sabe na data Fifa de novembro? Só depende do próprio Balotelli.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.