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Rafael Reis

Ilsinho até estranha liberdade nos EUA: “aqui é outra qualidade de vida”

Rafael Reis

22/07/2016 06h00

Dia de jogo na casa de Ilsinho é sempre igual. No almoço, rola um spaghetti ou alguma outra massa. Logo depois, sua mulher leva os filhos do casal para passear e deixa a casa livre para o marido relaxar.

Foi esse o método criado pelo ex-jogador de São Paulo, Palmeiras e Internacional para lidar com o fato de não ter de ir para a concentração nas vésperas das partidas.

Há cinco meses no Philadelphia Union, time que disputa a MLS (Major League Soccer), o antigo lateral e hoje meia-atacante de 30 anos admite que estranhou um pouco a liberdade que possui nos Estados Unidos.

Ilsinho

"Foi meio estranho no começo. Meu filho tem um ano, às vezes pega uma virose não dorme direito. Mas criamos uma programação especial nos dias do jogo, e eu faço uma concentração em casa. Foram mais de dez anos nessa vida, então já sei direitinho o que preciso fazer e comer."

Quando o Union joga em casa, Ilsinho precisa se apresentar ao técnico Jim Curtin apenas uma hora e meia antes do jogo começar, já no vestiário do estádio Talen Energy. O brasileiro só fica concentrado junto com seus companheiros quando o time atua como visitante e viaja na véspera da partida.

Apesar de ter atuado por seis temporadas na Europa, onde os jogadores costumam dormir em casa antes dos jogos, essa é a primeira vez que Ilsinho não precisa ir para a concentração em toda sua carreira.

"O técnico do Shakhtar Donetsk [o romeno Mircea Lucescu] é de uma escola europeia mais antiga. Então, fazíamos treinos mais pesados fora da pré-temporada e costumávamos concentrar até dois dias antes das partidas", explica.

Antes de assinar com o Union e mudar para os EUA, Ilsinho ficou um semestre desempregado, no Brasil, apenas ouvindo propostas que não o motivaram a vestir as chuteiras e voltar para os gramados. E a questão não era nem o dinheiro…

"Financeiramente, o Brasil é melhor. Mas aqui é outra qualidade de vida, vale pelo lado social, pela estrutura. E hoje isso é mais importante para mim. Vim para cá para dar início a um projeto na MLS. Quero construir carreira aqui."

A opção pela qualidade de vida é um reflexo do que Ilsinho viveu em seu último ano e meio na Ucrânia. Uma guerra pela posse da Crimeia (região sudeste do país) destruiu o estádio do Shakhtar e obrigou o clube a mudar de cidade.

"Não era bem medo o que sentíamos, mas um receio grande, principalmente quando estávamos em Donetsk. Mas aqui nos EUA é muito mais tranquilo, temos um acesso maior a medicação e alimentos", afirma.

"Dias desses, tive que sair correndo com meu filho às 11h da noite e consegui levá-lo a um hospital infantil. Lá, seria difícil achar alguém para atendê-lo naquele horário. Provavelmente, eu teria de ligar para o médico do clube", completa.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.