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Rafael Reis

Após frustração em 82, Cerezo conquistou há 25 anos seu primeiro "Mundial"

Rafael Reis

19/05/2016 12h02

Um dos pilares da seleção brasileira que ganhou o mundo, mas perdeu a Copa-1982, Toninho Cerezo precisou de mais nove anos para enfim conquistar o primeiro "título mundial" de sua carreira.

Antes mesmo de ganhar por duas vezes o Mundial Interclubes pelo São Paulo, em 1992 e 1993, o meia se sagrou "campeão mundial" em 19 de maio de 1991, dia em que a Sampdoria derrotou o Lecce por 3 a 0 e venceu pela primeira e única vez na história o Italiano.

Ah, então esse tal de "título nacional" não passa de uma mera conquista nacional?

Toninho Cerezo

Mas, entre o fim da década de 1980 e o começo dos anos 1990, nenhuma competição interclubes do planeta merecia tanto o rótulo de Mundial quanto a Série A italiana. Nem mesmo o próprio Mundial Interclubes ou a Liga dos Campeões da Europa.

Eram tempos em que a Itália concentrava os maiores craques do mundo.

O Napoli tinha Diego Maradona. O Milan, o trio de holandeses formado por Van Basten, Gullit e Rijkaard. A Inter de Milão respondia com os alemães Matthäus, Klinsmann e Brehme. E a Juventus contava com Roberto Baggio e Toto Schillaci.

Ainda existam outros craques espalhados por times de segundo ou terceiro escalão, como Cannigia (Atalanta), Enzo Francescoli (Cagliari), Lentini (Torino) e o sueco Tomas Brolin (Parma).

E, em meio a tantas constelações, nenhum time italiano na temporada 1990/91 foi melhor que a Sampdoria de Gianluca Pagliuca, Pietro Vierchwood, Roberto Mancini, Gianluca Vialli e, claro, Toninho Cerezo.

"Nosso time tinha uma estrutura muito boa e não mexia muito de um ano para outro. Acho que ficamos com uns oito jogadores fixos durante seis anos e trocava só dois ou três por temporada", conta.

O brasileiro desembarcou em Gênova em 1986, já aos 31 anos, depois de passar três temporadas na Roma. Foi contratado para aproximar da Sampdoria do audacioso projeto do magnata Paolo Mantonvani, que fez fortuna com a crise do petróleo da década de 1970: transformar o pequeno time da belíssima camisa azul em campeão da liga nacional mais importante do globo.

A conquista foi procedida por outras taças menores. O time foi campeão da Copa Italia em 1985, 1988 e 1989 e faturou a Recopa Europeia em 1990. Mas o título italiano mesmo só veio na temporada posterior à Copa-1990, jogada na Itália.

Cerezo ainda ficou mais um ano da Samp. Despediu-se do clube e do futebol europeu na melancólica derrota na prorrogação para o Barcelona na decisão da Liga dos Campeões.

Sua vingança veio meses mais tarde, quando ajudou o São Paulo a vencer por 2 a 1 o mesmo Barça e ganhar o Mundial Interclubes de 1992.

Depois de ganhar um título mundial extraoficial, Cerezo enfim pode levantar o troféu de um campeonato com o nome de Mundial.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.