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Rafael Reis

Obsessão por colecionar jovens talentos faz Real Madrid armar bomba relógio

Rafael Reis

10/01/2020 04h20

Mohamed Salah, Kevin de Bruyne e Romelu Lukaku foram jogadores do Chelsea no início da carreira. Mas, sem espaço em Stamford Bridge, tiveram de deixar o clube para desenvolver seus potenciais. Hoje, são estrelas do primeiro escalão do futebol mundial e lideram Liverpool, Manchester City e Inter de Milão, respectivamente.

O mau exemplo no aproveitamento de jovens valores dado pelo time inglês serve como alerta para o Real Madrid.

Crédito: Divulgação

Nos últimos anos, o time espanhol não pode ver um garoto talentoso despontando com mais força em alguma liga menor que já trata rapidamente de entrar na briga para levá-lo ao Santiago Bernabéu.

Atualmente, o Real tem sob contrato Vinícius Júnior, Rodrygo, Luka Jovic, Martin Odegaard, Takefusa Kubo e Brahim Díaz, está perto de acertar a chegada de Reinier e continua sonhando com Kylian Mbappé.

Todos eles têm entre 17 e 22 anos, fazem parte de praticamente todas as listas elaboradas de maiores promessas do futebol mundial na atualidade e jogam mais ou menos nos mesmos setores, do meio para frente.

Não foi preciso ser nenhum gênio para saber que Zinédine Zidane (e nenhum outro futuro técnico do Real) jamais vai escalar todos eles juntos. No máximo, três ou quatro poderão ter chances simultaneamente.

Naturalmente, alguns desses valores irão se cansar de serem apenas reservas na Espanha, forçarão a barra para serem negociados e darão sequência à carreira bem longe dos torcedores merengues.

Muitos irão argumentar que o "futebol é assim mesmo" e que o Real faz bem em contratar tantos garotos porque assim terá várias opções para fazer uma bela peneira daqui alguns anos e escolher ficar apenas com os melhores.

Mas será que realmente os melhores permanecerão em Madri?

Não é o que aconteceu no Chelsea. Na época em que foram negociados com outros clubes, Salah, De Bruyne e Lukaku pareciam "descartáveis" para os londrinos. Hoje, os três seriam titulares incontestáveis na equipe de Frank Lampard.

É aí que está o grande desafio do Real: conseguir identificar quais são realmente os maiores talentos do seu elenco e fazer de tudo para não desperdiçá-los.

A tarefa não é fácil porque cada jogador tem um tempo de maturação. Alguns, como Mbappé, já começam a brilhar no mais alto nível assim que se profissionalizam. Outros só conseguem mostrar do que realmente são capazes lá pelos 25 ou 26 anos.

Mas será que os madrilenos terão paciência para segurar esses jovens talentos até esse momento? Ou será que eles aceitarão de boa uma sequência interminável de empréstimos ou temporadas a fio com poucos minutos em campo?

Pois é, a bomba está armada.

Vice-líder do Campeonato Espanhol, com os mesmos 40 pontos do Barcelona, o Real não tem compromissos pela liga neste fim de semana. A equipe merengue está na Arábia Saudita, onde decide no domingo a Supercopa da Espanha, contra o Atlético de Madri.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.