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Rafael Reis

Na China, Fernandinho vira "Preto Velho" e admite torcida pelo Grêmio

Rafael Reis

13/04/2019 04h00

Dentro do Chongqing Lifan, Fernandinho não existe. Para os companheiros do clube chinês, o atacante ex-São Paulo e Atlético-MG, que foi campeão da Libertadores-2017 pelo Grêmio, é apenas "Da Hei".

Em chinês, o apelido significa algo como "Preto Velho". Mas, na opinião do jogador, a alcunha não tem nada de racista. Ela foi apenas um jeito encontrado pelos seus parceiros para resolver um problema do time.

Crédito: Divulgação

O elenco do Chongqing Lifan conta com dois Fernandinhos. Ambos são brasileiros, atacantes e negros. Então, o mais conhecido deles virou "Da Hei" graças aos 33 anos que carrega nas costas. Já o outro, que começou no Flamengo e é sete anos mais jovem, virou "Xiao Hei" ("Preto Novo").

"Na temporada passada, usávamos o mesmo nome na nossas camisas. Mas, neste ano, a liga nos obrigou a mudar para não confundir. Então, passei a adotar Fernando Luiz, e o outro continuou Fernandinho. Só que não adiantou nada. Os locutores daqui continuam nos chamando pelo mesmo nome", afirmou.

Essa é a segunda temporada do atacante no futebol asiático. Ele se mudou para o Oriente em janeiro de 2018, logo depois da conquista mais importante de sua carreira. E trocou o Grêmio, então campeão da Libertadores, por um time que terminaria na 13ª colocação do Campeonato Chinês e só não seria rebaixado por causa dos critérios de desempate.

"É claro que ninguém quer perder, mas nosso desafio aqui é diferente: é tentar elevar um clube de uma cidade que tem um potencial gigantesco. É isso que nos motiva aqui. Gosto de viver nossos desafios. São eles que acabam te ensinando mais."

Um dos desafios de Fernandinho na China é se adaptar a um estilo de jogo completamente diferente daqueles a que estava acostumado. O Chongqing Lifan é treinado por Jordi Cruyff, filho de Johann Cruyff, um dos grandes nomes da história do futebol e responsável direto pelo jeito Barcelona de praticar futebol.

"Tentamos usar esse modelo de jogo. Para mim, é um privilégio trabalhar com o filho do Cruyff. Sempre ouvi falar dele como um jogador e um técnico espetacular. O Jordi herdou muito do seu pai, especialmente a humildade como pessoa."

Com contrato até o fim da temporada na China, Fernandinho ainda não sabe o que será de sua vida em 2020. A permanência na Ásia é uma possibilidade real, assim como um retorno ao Brasil.

O atacante só não esconde de ninguém que gostaria de atuar mais uma vez no Grêmio e nem que virou um torcedor do time gaúcho desde entrou para a história do clube com a vitória na Libertadores.

"Sinto um carinho imenso por todos os clubes em que passei. Todos marcaram minha vida, me ensinaram algo. Mas o Grêmio foi onde ganhei o título que sempre sonhei e onde fiz mais amizades. Ele marcou minha vida. Por isso, é impossível não segui-lo. Mesmo à distância, tenho acompanhado seus jogos na Libertadores", completou.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.