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Rafael Reis

Sensação das eliminatórias se inspira em mesmo mentor que guia Dunga

Rafael Reis

24/03/2016 06h00

Arrigo Sacchi, o técnico italiano que é tratado como mentor pelo comandante da seleção brasileira, Dunga, também serviu como fonte de inspiração para a construção do melhor time das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo-2018.

Líder da competição, com 100% de aproveitamento depois de quatro rodadas, o surpreendente Equador foi montado a partir da adaptação das ideias do ex-treinador que levou o Milan à conquista do bicampeonato europeu em 1989 e 1990.

"Fui formado em escolas que defendem o futebol bem jogado. Sempre me inspirei no Milan do Arrigo Sacchi. E, no futebol moderno, gosto muito dos Barcelonas do Guardiola e do Luis Enrique. É esse estilo que me agrada. Um estilo que nos faça protagonistas, de imposição do nosso estilo sobre os rivais", afirma por telefone o técnico Gustavo Quinteros.

Equador

As três inspirações do argentino naturalizado boliviano que dirige o Equador desde janeiro de 2015 pressupõe a mesma lógica: uma forte rigidez tática na marcação para recuperar a bola o mais rápido possível e, depois, o controle do jogo através da posse dela.

E é por conseguir dominar as partidas e impor seu estilo de jogo sobre até sobre adversários que são melhores tecnicamente que Quinteros foi capaz de derrotar Argentina (em Buenos Aires), Bolívia, Uruguai e Venezuela na largada das eliminatórias.

"Não importa se jogamos em casa ou fora. Buscamos sempre o protagonismo. Somos nós que temos que ditar a forma como a partida será jogada. Não vamos ficar esperando o adversário. Chegamos ao primeiro lugar porque os jogadores estão acreditando nessa ideia e executaram tudo de uma maneira quase perfeita até agora."

Apesar de ter disputado três das últimas quatro Copas do Mundo, o Equador está longe de ser uma potência no futebol sul-americano.

O time não passou da primeira fase nas últimas seis edições da Copa América e, ao contrário dos principais rivais por uma vaga no Mundial da Rússia, não conta com grandes estrelas internacionais em seu elenco.

Dos 27 jogadores convocados por Quinteros para as partidas contra Paraguai, nesta quinta-feira, e Colômbia, na terça, só oito atuam na Europa. E o meia Antonio Valencia, reserva do Manchester United, é o único que joga em um clube de primeiro escalão.

Os dois principais destaques do time estão longe desse nível de estrelato. O centroavante Felipe Caicedo, artilheiro das eliminatórias, com quatro gols, já rodou um monte no Velho Continente e hoje defende o Espanyol. Já o atacante Miller Bolaños só havia jogado em casa e nos EUA até ser contratado pelo Grêmio, no início do ano.

Ambos, no entanto, estão fora dos confrontos dessa Data Fifa devido a problemas físicos.

"É claro que não imaginava que pudéssemos estar com 100% depois de quatro rodadas. Não temos a mesma quantidade de jogadores na Europa de Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia e Chile. Isso faz com que nos falte um pouco de competitividade. Quando exportarmos mais jogadores, ficaremos mais fortes."

Mas, mesmo com sua base de jogadores atuando na América, Quinteros está confiante de que o Equador pode manter a surpreendente boa fase e se classificar para mais uma Copa do Mundo.

"Não pensamos que já estamos classificados porque falta muito. Queremos ganhar do Paraguai e pelo menos empatar com a Colômbia. Nosso objetivo é chegar a 27 pontos, que imagino que seja suficiente para ir ao Mundial."

Doze, o Equador já tem. Graças a Quinteros e as ideias adaptadas do mentor de Dunga, Arrigo Sachhi.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.