Com Griezmann, Messi e Suárez, ainda há espaço para Neymar no Barça?
Rafael Reis
14/07/2019 04h00
Em situações normais, o anúncio da contratação de Antoine Griezmann, na última sexta-feira, seria também um sinal de que o Barcelona desistiu de negociar com o Paris Saint-Germain para repatriar Neymar.
Só que a sede do clube catalão em encher a Catalunha de craques para compensar os quatro anos sem ganhar a Liga dos Campeões e as últimas temporadas de futebol para lá morno é tamanha que a transação do francês acaba não tendo nada a ver com a do brasileiro.
O Barça realmente quer Neymar. Mas, será que ainda há espaço para o camisa 10 do PSG em um ataque que já conta com três dos melhores jogadores do planeta, Griezmann, Lionel Messi e Luis Suárez?
Caso a contratação realmente aconteça, o técnico Ernesto Valverde terá um (delicioso) problemão para montar um time em que caiba esse quarteto. Afinal, a opção mais fácil, deixar uma das quatro estrelas no banco, está fora de cogitação.
A solução mais provável para agrupar todos os craques seria abandonar o 4-3-3 que o clube usa sistematicamente desde a temporada 2003/04 para se armar em um 4-2-3-1 ou alguma formação semelhante a essa.
Nesse sistema, Suárez continuaria como centroavante e teria uma linha de três atacantes posicionados atrás dele. Neymar provavelmente jogaria pelo lado esquerdo. Aí, há duas opções: Griezmann pode ocupar a direita e deixar o centro para Messi, ou vice-versa.
Só que essa formação imporia alguns sacrifícios às estrelas ofensivas. Para começar, o brasileiro e o francês teriam que se dedicar demais à marcação dos jogadores de lado adversários.
Para Griezmann, que vem da escola Simeone de jogar futebol, tranquilo. Mas Neymar passou os últimos dois anos no PSG praticamente livre de obrigações defensivas e pode demorar um pouco para se acostumar à essa obrigação.
Além disso, essa adaptação tática possivelmente afastaria Messi do setor onde ele é mais perigoso, a zona onde é possível finalizar a gol e que lhe rende tantas bolas nas redes a cada temporada. O argentino já jogou assim durante a Copa América. E não foi bem.
O restante do time também teria de se adaptar para permitir ao Barça o luxo de escalar quatro homens de características tão ofensivas.
Para começar, Valverde teria de escalar ao lado de Sergio Busquets um jogador com maior poder de marcação que Ivan Rakitic e Arthur, os titulares na maior parte da temporada passada. Ponto para o recém-contratado Frenkie de Jong, que seria o companheiro ideal para o volante espanhol.
Só que o maior gargalo tático do Barça estaria nas laterais. Jordi Alba, Nélson Semedo e Sergi Roberto teriam de conter o DNA ofensivo que possuem para se comportarem mais como membros da linha de defesa do que como alas.
Mas nenhum deles é especialista nesse comportamento. Alba, aliás, foi muito mal e chegou a frequentar o banco quando precisou dividir campo com Neymar. Ou seja, talvez o clube catalão tenha de ir ao mercado para encontrar laterais que permitam a escalação do quarteto.
Resumindo: sim, até que é possível montar um time com Neymar, Messi, Suárez e Griezmann juntos. Mas essa audácia pode custar muito caro ao Barcelona. E não estamos falando só de dinheiro.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.