França tem o melhor elenco da Copa-2018, mas título será surpresa
Rafael Reis
07/06/2018 04h00
A quantidade de jogadores talentosos à disposição e as boas atuações nos amistosos contra Irlanda (2 a 0) e Itália (3 a 1) levantam a questão: seria a França a principal favorita para ganhar a Copa do Mundo-2018?
Realmente, a qualidade do elenco "bleu" é inquestionável. É bem provável que nenhuma outra seleção que vai ao Mundial da Rússia disponha de tantos atletas de nível técnico acima da média quanto os campeões de 1998.
Hugo Lloris é um dos goleiros mais seguros do planeta. A zaga formada por Raphaël Varane e Samuel Umtiti é tão boa quanto as badaladas duplas Piqué-Sergio Ramos (Espanha) e Boateng-Hummels (Alemanha). E N'Golo Kanté teria vaga como primeiro volante em qualquer time.
Além disso, a França conta com pelo menos três jogadores com potencial suficiente para, em anos bons, aparecer como finalistas de prêmio de melhor do mundo: Antoine Griezmann, Kylian Mbappé e Paul Pogba, ainda que o último não esteja em seus melhores momentos.
E há ainda Ousmane Dembélé, Thomas Lemar, Nabil Fekir, Blaise Matuidi, Corentin Tolisso, Benjamin Mendy, Djibril Sidibé… uma série de atletas que seriam titulares em praticamente qualquer seleção do mundo.
Se o futebol de uma equipe fosse resultado apenas da soma dos seus talentos individuais, a França seria a favorita número um para vencer o Mundial. Mas futebol está longe de ser uma ciência exata.
Apesar de ter o mesmo treinador de 2012, a seleção francesa não tem um jogo coletivo tão azeitado quanto os de Alemanha, Brasil e Espanha. Culpa de Didier Deschamps, que jamais caiu nas graças do torcedor como técnico e vem sendo alvo de fortes rumores de que será substituído em breve por Zinédine Zidane.
Durante os últimos seis anos, a França de Deschamps não conseguiu atingir um alto nível de intensidade na marcação da saída de bola adversária e sempre mostrou dificuldade em fazer triangulações pela faixa central para furar defesas bem postadas.
A solução, na maioria das vezes, foi recorrer aos chutes de média e longa distância de jogadores como Pogba ou Dimitri Payet (fora da Copa por problemas físicos) ou apelar para os chuveirinhos, especialidade de Olivier Giroud, o centroavante meia-boca que é o queridinho do técnico.
Resultado: a França oscila demais. Quando tem espaço para explorar a velocidade de Mbappé, Griezmann e Dembélé, costuma ir bem e tem atuações dignas de uma favorita ao título mundial.
Mas, em outros jogos, não joga nada e produz resultados patéticos, como foi o empate sem gols com Luxemburgo, em setembro, pelas eliminatórias.
É por isso que, mesmo tendo o melhor elenco do planeta, a França não é a favorita para ganhar a Copa-2018. E, para falar a verdade, seu título seria até uma pequena surpresa.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.