Como um time de refugos e emprestados virou a ameaça ao Barça na Espanha
Rafael Reis
18/11/2017 04h00
Real Madrid? Atlético de Madri? Sevilla? Que nada. A maior ameaça à liderança do Barcelona na temporada 2017/18 do Campeonato Espanhol é um time formado basicamente por refugos e jogadores emprestados por outros clubes.
É exatamente por enxergar talento em atletas encostados no banco de reservas de outras equipes que o Valencia entrou na 12ª rodada ocupando a segunda colocação da liga e com uma desvantagem de apenas quatro pontos para o estrelado elenco liderado por Messi e Suárez.
Vários dos jogadores mais importantes do time dirigido por Marcelino García Toral viveram essa experiência de serem tratados como descartáveis pelo clube que defendiam antes de darem a volta por cima na Espanha.
É o caso por exemplo do português Gonçalo Guedes. Autor de três gols e cinco assistências na atual temporada, o meia-atacante foi contratado em janeiro pelo Paris Saint-Germain por 30 milhões de euros (R$ 116 milhões), mas só jogou duas vezes como titular antes de ser emprestado ao Valencia.
O goleador da equipe, Simone Zaza, tem uma história não muito diferente. O centroavante italiano nunca foi além da terceira opção de ataque da Juventus, clube que defendeu em 2015 e 2016, até ser cedido aos espanhóis na temporada passada. Deu tão certo que acabou contratado em julho.
Quem também frequentava os bancos de reservas em Turim antes de chegar à Espanha é o brasileiro Neto. O goleiro ficou dois anos inteiros à sombra de Buffon na Juve, mas cansou de esperar pela aposentadoria do ídolo italiano e se mandou para o Valencia quatro meses atrás. Depois de dez partidas, ainda está invicto no novo clube.
As trajetórias de Andreas Pereira (emprestado pelo Manchester United), Martín Montoya (ex-Barcelona e Inter de Milão), Geoffrey Kondogbia (emprestado pela Inter de Milão) e do zagueiro Gabriel Paulista (Arsenal) também são parecidas. Todos passaram por clubes do primeiro escalão do futebol mundial e não deram muito certo por lá antes de reforçarem o time espanhol.
Campeão nacional pela última vez em 2004, o Valencia volta a incomodar Barcelona, Real Madrid e Atlético depois de uma das piores temporadas de sua história recente. Em 2016/17, o time chegou a flertar com o rebaixamento, emendou quatro derrotas consecutivas, teve três técnicos diferentes e terminou o Espanhol em uma modesta 12ª colocação.
Curiosamente, o investimento para mudar essa situação e voltar a brigar na parte de cima da tabela nem foi tão alto assim.
Na última janela de transferências, o Valencia gastou 39 milhões de euros (R$ 150 milhões), menos que Barça, Real, Atlético, Sevilla e Villarreal. Mas o suficiente para garimpar refugos e montar o time que se tornou a sensação do futebol espanhol.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.