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Para evitar fracasso em 2018, País da Copa "fabrica" jogadores russos

Rafael Reis

24/08/2017 04h30

Para tentar evitar um fiasco na Copa do Mundo-2018, a seleção anfitriã da competição está "fabricando" novos jogadores russos.

Com o intuito de montar uma equipe que consiga ser competitiva no torneio do próximo ano, a Rússia tem aderido à naturalização de estrangeiros e ao resgaste de atletas que até possuem raízes russas, mas que sempre defenderam outras camisas.

Desde o segundo semestre de 2014, quando o plano de preparação para a Copa-2018 começou a ser colocado em prática, quatro desses novos russos foram convocados para a seleção.

Dois deles, inclusive, são nascidos no Brasil.

O goleiro Guilherme, ex-Atlético-PR, que defende o Lokomotiv Moscou desde 2007, disputou a última Eurocopa e a Copa das Confederações. Já o lateral direito Mário Fernandes, do CSKA Moscou, que chegou no passado a jogar amistosos pela seleção brasileira, foi chamado para uma sessão de treinos na próxima semana.

Ao lado do ex-jogador do Grêmio, estarão outros dois russos "recém-fabricados": o zagueiro Roman Neustädter (Fenerbahce) e o lateral esquerdo Konstantin Rausch (Hannover). Ambos cresceram na Alemanha e atuaram pelas seleções germânicas de base até receberem o convite da Rússia.

Neustädter, que também esteve na Euo-2016, nasceu na antiga União Soviética, mas em território que hoje pertence à Ucrânia e pode defender a seleção russa devido à sua família paterna. Rausch, por outro lado, é nativo da Rússia, mas deixou o país quando tinha apenas cinco anos e optou inicialmente pela cidadania alemã no mundo da bola.

Além dos quatro jogadores que já fazem parte do elenco do técnico Stanislav Cherchesov, pelo menos outros três estrangeiros, dois deles brasileiros, estão sendo observados e podem ganhar uma chance até a Copa do Mundo.

O meia-atacante Joãozinho (Krasnodar), que vive na Rússia desde 2011 e já está apto a defender a seleção, e o centroavante Ari, do Lokomotiv Moscou, que ainda aguarda seu passaporte russo, já admitiram interesse em defender a nova pátria no Mundial.

Além deles, o meia Edgar Prib, capitão do Hannover 96, mais um caso de russo de nascimento que emigrou para Alemanha no começo da infância, pode pintar na seleção anfitriã da Copa.

A preocupação da Rússia em garimpar novos jogadores para o Mundial é justificada pelos resultados ruins que a equipe tem obtido na fase de preparação para 2018.

Os russos pararam ainda na fase de grupos na Copa das Confederações, não venceram sequer uma partida na última Eurocopa e só ganharam dois dos últimos sete amistosos que disputaram.

O medo da Rússia é repetir o fracasso vivido pela África do Sul. Em 2010, a seleção anfitriã da Copa passou vergonha ao se despedir do Mundial que organizou na primeira fase –ficou na terceira colocação em um grupo que tinha Uruguai, México e França.

É para não ser uma nova África do Sul que o time da casa em 2018 decidiu "fabricar" seus próprios russos.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis