Sensação do Mercado da Bola, Milan vira "novo rico" pela 2ª vez
Rafael Reis
29/07/2017 04h00
Investimento de quase 190 milhões de euros (R$ 703 milhões) na contratação de novos jogadores. Reforços do nível de Bonucci, André Silva, Calhanoglu e Biglia. O posto de segundo clube que mais gastou na atual janela de transferências do futebol europeu.
E toda essa gastança só foi possível devido à injeção de dinheiro proporcionada pelo fundo de origem chinesa Rossoneri Sport Investment Luxembourg, novo proprietário do clube.
O Milan, um dos times mais tradicionais e vitoriosos do planeta, adotou a mesma receita do sucesso recente de Chelsea, Manchester City e Paris Saint-Germain: encontrou um dono cheio da grana e virou um novo rico.
E essa nem é a primeira vez em seus 117 anos de história que isso acontece.
Na década de 1980, quando vivia uma situação ainda mais problemática do que a dos últimos anos, o clube italiano passou por um processo semelhante. Ou seja, tornou-se milionário do dia para noite.
O salvador da pátria naquela ocasião foi Silvio Berlusconi, o polêmico empresário proprietário da Fininvest e do grupo Mediaset, que viria a se tornar primeiro-ministro italiano e que permaneceu à frente do Milan até a venda para os chineses, três meses atrás.
Berlusconi virou acionista majoritário do Milan em 1986, quando o clube enfrentava sérios problemas financeiros, corria risco de falência, amargava um jejum de sete anos sem um mísero título e colecionava duas passagens recentes pela segunda divisão italiana.
O novo proprietário não economizou para tirar o Milan do buraco e recolocá-lo na rota de grandes conquistas. Foi graças ao seu dinheiro que nasceu um dos mais admirados esquadrões do futebol europeu nas últimas décadas.
O empresário usou sua fortuna pessoal para seduzir o técnico Arrigo Sacchi, então no Parma, e levar para a Itália os trio de holandeses Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten.
A partir da montagem dessa equipe, a mais temida do planeta entre o final da década de 1980 e o início dos anos 1990, o Milan construiu uma hegemonia que perdurou por muito tempo. Nos primeiros dez anos da "era Berlusconi", foram cinco títulos italianos e três Ligas dos Campeões da Europa.
O sucesso durou até meados dos anos 2000, quando o clube rossonero foi superado dentro da Itália pela Juventus e começou a perder seus principais jogadores, como Kaká, Thiago Silva e Ibrahimovic.
Agora, já são seis anos sem conquistar o título italiano e quatro temporadas consecutivas sem sequer participar da Champions. Hora de virar novo rico… mais uma vez.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.