A seleção brasileira já é a melhor do planeta?
Rafael Reis
29/03/2017 07h00
Nove vitórias consecutivas, passeios contra Uruguai e Argentina, os mais tradicionais adversários no futebol sul-americano, classificação para a Copa do Mundo e o retorno à liderança do ranking da Fifa.
Em nove meses de trabalho, Tite revolucionou a seleção. Resgatou uma equipe com cara de decadente, que era praticamente uma unanimidade na arte de desagradar o torcedor nos tempos de Dunga, e fez dela novamente um xodó do povo brasileiro.
O futebol convincente apresentado por Neymar e cia. nas eliminatórias e a primeira colocação no ranking mundial são suficientes para levantarmos uma delicada questão: o Brasil já é a melhor seleção do planeta?
A pergunta não é tão simples de se responder porque todos os adversários da era Tite foram sul-americanos. O time pentacampeão mundial deu show contra seus vizinhos, inclusive ante a Argentina, de Messi.
Mas falta saber como ele irá se comportar ante outras escolas de futebol. E não, o amistoso contra os alemães, em março do ano que vem, não será suficiente para tirarmos a prova.
O que dá para dizer por enquanto é que nenhuma seleção do mundo tem jogado em tão alto nível e tomado tão pouco conhecimento de adversários quanto a brasileira. Nem mesmo a Alemanha e a Suíça, equipes com 100% de aproveitamento nas eliminatórias, conseguem seus resultados com a mesma naturalidade dos comandados de Tite.
Por esse ponto de vista, dá para dizer que o Brasil ESTÁ a melhor seleção do mundo. Mas, como vimos nas últimas três edições da Copa das Confederações, isso pode acabar não significando nada.
O que vai determinar se os livros de história tratarão a gestão de Tite como sucesso ou fracasso é o que vai acontecer dentro e um ano e três meses, na Copa da Rússia. E há pelo menos duas fortes candidatas a ESTAREM a melhor seleção do mundo em junho/julho de 2018.
Uma delas é a atual campeã mundial. A Alemanha tem conseguido escapar da tentação de eternizar a geração vencedora que prejudica quase todos os vencedores da Copa (vide Espanha-2014, Brasil-2006 e França-2002) e faz um belo trabalho de renovação constante do seu elenco.
E é justamente essa característica de Joachim Löw que torna tão difícil analisar o real nível da seleção germânica. Afinal, é muito raro o treinador escalar sua força máxima em uma partida. Mesmo assim, os algozes do 7 a 1 estão invictos há oito partidas.
A outra candidata a melhor seleção do mundo é a França. Aquela mesma França que perdeu para Portugal e não conseguiu ser campeã europeia em casa no meio do ano passado? Sim, ela mesma.
A questão é o que os franceses possuem o maior arsenal de jovens talentosos do futebol mundial na atualidade. Mbappé, Dembélé, Lemar, Rabiot, Martial, Coman, Tolisso, Kimpembe, Mendy, Sidibé, Varane e Pogba têm no máximo 24 anos. O sucesso ou fracasso dos Bleus em 2018 vai passar por quão acentuada será a curva de evolução do futebol dessa garotada no próximo ano.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.