Fã, Buffon deu ao filho nome de goleiro preso por magia negra
Rafael Reis
22/02/2017 04h00
Não é à toa que Louis Thomas Buffon ganhou esse nome.
O garoto de nove anos, o mais velho dos três filhos de Gianluigi Buffon, foi batizado em homenagem ao homem que teve um papel decisivo na transformação do seu pai em um dos maiores nomes da história do futebol italiano.
Quando garoto, o dono da meta da Juventus e da Azzurra há quase duas décadas não curtia esse negócio de pegar a bola com as mãos. Seu negócio era chutá-la em direção ao gol adversário.
Mas então, Thomas N'Kono cruzou o caminho de Buffon e mudou completamente a vida do futuro camisa 1 da Itália.
O pequeno Gianluigi, então com 12 anos, ficou simplesmente encantado com as atuações do goleiro de Camarões na Copa do Mundo de 1990, disputada justamente no quintal de sua casa, que passou a cogitar a possibilidade de trocar os pés pelas mãos.
A ideia ficou guardada na cabeça de Buffon. No ano seguinte, ele entrou nas categorias de base do Parma. No início, ainda atuou em posições de linha, principalmente no meio-campo.
Mas quando dois dos goleiros da equipe sub-15 ficaram machucados ao mesmo tempo, ele resgatou aquele velho plano nascido da admiração por N'Kono e se ofereceu para defender a meta. Duas semanas depois, já era o dono inquestionável da posição.
O resto é uma história bem conhecida: Buffon chegou ao time principal do Parma em 1995, disputou a primeira de suas cinco Copas do Mundo em 1998, transferiu-se para a Juventus em 2001 e ganhou o título mundial com a Itália em 2006.
Hoje aos 39 anos, carrega o rótulo de um dos maiores goleiros de todos os tempos e ainda tem objetivos profissional bem ousados. Um deles: conquistar a Liga dos Campeões da Europa, um dos maiores títulos que lhe faltam.
Para isso, é necessário primeiro passar pelo Porto. O primeiro jogo das oitavas de final acontece nesta quarta-feira, em Portugal. A partida de volta, em Turim, está marcada para 14 de março.
Mas, afinal, quem é Thomas N'Kono, o ídolo de Buffon?
O homem que inspirou Buffon a ir para o caminho do gol e que recebeu em troca uma bonita homenagem do craque italiano marcou época no futebol africano e também fez sucesso na Espanha.
N'Kono foi goleiro da seleção de Camarões por 18 anos e um dos protagonistas da geração que colocou o país no mapa do futebol, ao alcançar as quartas de final da Copa do Mundo-1990.
No total, ele disputou três Mundiais: 1982, 1990 e 1994. Na Europa, brilhou com a camisa do Espanyol, o segundo time da cidade de Barcelona, que o teve em sua meta por 241 partidas entre 1982 e 1991.
Após a aposentadoria, N'Kono se envolveu no episódio mais polêmico de sua vida. Em 2002, quando trabalhava como preparador de goleiros da seleção camaronesa, ele foi preso sob acusação de ter praticado magia negra para ajudar sua equipe a vencer Mali na semifinal da Copa Africana de Nações.
A polícia de Mali, país que sediava o torneio, alegou ter encontrado com o ex-goleiro um amuleto normalmente utilizado em rituais de magia negra e o levou para a prisão.
N'Kono ficou suspenso do futebol por um ano e não pôde acompanhar do banco de reservas a decisão contra o Senegal. E, mesmo sem a ajuda do seu amuleto, Camarões ficou com o título.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.