Influência argentina: Brasil tem pupilo de Simeone no Sul-Americano sub-20
Rafael Reis
18/01/2017 04h00
A seleção que estreia nesta quarta-feira no Sul-Americano sub-20, contra o anfitrião Equador, é brasileira. Mas, conta com uma pitada de Argentina.
Ela atende pelo nome de Caio Henrique, volante de 19 anos que se tornou um discípulo fiel do seu treinador, Diego Simeone.
Formado nas categorias de base do Santos, ele deixou o clube onde começou para defender o Atlético de Madri, a partir de fevereiro do ano passado. Bastou um ano no exterior para que o técnico argentino transformasse completamente seu futebol.
"Quando cheguei na Espanha, meu negócio era jogar com a bola no pé. Mas, hoje, tenho um pensamento diferente, virei um jogador mais brigador", afirma Caio Henrique, camisa 10 nos tempos de Santos, em entrevista por telefone.
A preocupação com a marcação não é à toa. Quando jogador, Simeone era um típico volante batalhador, daqueles que não desgrudam dos meias adversários e, muitas vezes, são até taxados de desleais.
O apreço pela redução de espaços e marcação ferrenha, além do espírito brigador característico de jogos da Libertadores, foi transportado para sua vitoriosa carreira de treinador do argentino, campeão espanhol com o Atlético em 2014 e vice da Champions em 2014 e 2016.
"Por ter sido meio-campista, o Simeone acaba dando uma importância maior para esse setor. Ele sempre fica nos pedindo mais vontade, mais disposição", conta.
No caso de Caio, os pedidos estão sendo atendidos. O brasileiro caiu nas graças do técnico argentino. Contratado inicialmente para fazer parte do time B, ele já foi promovido à equipe principal, foi inscrito na Liga dos Campeões e participou de um jogo da Copa do Rei (6 a 0 contra o Guijuelo, em novembro).
"Tudo está acontecendo muito rápido para mim. Confesso que assustei um pouco no início. Eu estava acostumado a ver esses jogadores só pela TV e, de repente, comecei a treinar com eles."
De todos os jogadores do Atlético, dois especialmente chamam a atenção de Caio e acabam servindo de espelho para ele.
"O Tiago é muito inteligente, e o Koke é outro que admiro demais. Sempre procuro reparar nos jogadores da minha posição para aprender com eles."
Convocado por Rogério Micale para a seleção sub-20, Caio Henrique vê no Sul-Americano uma chance de diminuir aquele que ele considera um dos poucos pontos negativos de ter trocado ainda na adolescência o Santos pelo Atlético de Madri.
"Sei que vai ser mais difícil ficar conhecido no Brasil. Mas agora tem o Sul-Americano, os jogos serão televisionados, terá muita gente assistindo. É uma oportunidade muito grande para mim."
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.