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"Balotelli só precisava de carinho", diz Dante, companheiro e tutor no Nice

Rafael Reis

13/01/2017 04h00

Dois anos e meio depois do 7 a 1 e das inúmeras críticas recebidas por sua atuação na histórica derrota do Brasil para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo-2014, Dante não tem mais do que reclamar.

Aos 33 anos, o zagueiro se tornou referência do Nice, o surpreendente líder do Campeonato Francês, que tem deixado para trás Paris Saint-Germain e Monaco. O baiano veste a braçadeira de capitão do time rubro-negro e tem uma tarefa extra: a de ser uma espécie de tutor de um dos maiores "garotos-problema" do futebol mundial.

Experiente e escaldado por tudo que já viveu ao longo da carreira, é Dante quem costuma oferecer um ombro amigo para Mario Balotelli, a polêmica estrela italiana que veste a camisa 9 do Nice.

"Balotelli só precisava de carinho. Não dá para ficar julgando todas as atitudes dele. Ele é meio carente, um cara que sente demais todas as críticas que recebe", afirmou, por telefone, o zagueiro.

Até cinco meses atrás, quando passou a dividir vestiário com o italiano, Dante tinha uma visão completamente diferente sobre seu atual companheiro de clube. Uma visão construída por várias confusões dentro e fora de campo – como o episódio em que o astro foi flagrado jogando dardos contra meninos das categorias de base do Manchester City.

"Eu sabia que ele era um jogador especial. Mas, achava que ele era um cara meio doido, louco da cabeça mesmo. Mas não, essa é só a imagem que foi criada. Na verdade, ele é muito agradável e fácil de conviver."

No Nice, Balotelli reencontrou o bom futebol que parecia perdido em algum lugar no passado. O italiano já marcou dez gols em 14 partidas pelo clube francês. Desde 2011, quando ainda jogava no City, ele não balançava tanto as redes na primeira metade da temporada.

Mas isso não significa que o italiano tenha se afastado completamente das confusões. Apesar de não ter atuado nem 15 vezes, ele já recebeu dois cartões vermelhos no Nice.

"É difícil. Todo time que enfrentamos fica provocando ele", defende o zagueiro e tutor brasileiro.

Com a dupla Dante e Balotelli entrosada dentro e fora de campo, o Nice passou a sonhar com algo que parecia impossível: encerrar a hegemonia de quatro temporadas do PSG e conquistar seu primeiro título francês desde 1959.

A equipe encerrou o primeiro turno no topo da classificação da Ligue 1, com 44 pontos. São dois de vantagem para o Monaco e cinco a mais que o PSG.

"Temos de pensar jogo a jogo. É inútil já começar a pensar em ser campeão. Temos de focar apenas no próximo jogo."

Mas, e em caso de título, qual será a relação de Dante? "Se eu vir a conquistar algo com o Nice, não vou dedicar a quem falou mal de mim. Não quero calar a boca de ninguém."

Afinal, dois anos e meio depois do momento mais doloroso de sua carreira, o zagueiro brasileiro não tem do que reclamar. Graças a ele, ao Nice e a Balotelli.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis