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Técnico de zebra do Mundial quase apanhou de jogador e pediu para ir embora

Rafael Reis

17/12/2016 06h00

Masatada Ishii, o homem à frente do Kashima Antlers na surpreendente vitória por 3 a 0 sobre o Atlético Nacional, na quarta-feira, pode se considerar um homem de sorte.

Se dependesse apenas da vontade do treinador de 49 anos, ele não teria levado pela primeira vez na história um time asiático à decisão do Mundial de Clubes e nem teria a oportunidade de medir forças com o poderoso Real Madrid, neste domingo.

Se Ishii fosse senhor do seu destino, ele não seria mais o técnico do Kashima desde agosto.

Quatro meses atrás, ele chegou a pedir demissão depois de quase ter sido agredido pelo atacante Mu Kanazaki.

Artilheiro da equipe, o jogador se revoltou por ter sido substituído contra o Shonan Bellmare, em partida do Campeonato Japonês, bateu boca com o treinador, foi para cima do treinador e só não chegou a agredi-lo porque seus companheiros de time o impediram.

Ishii, evidente, ficou revoltado com o comportamento do centroavante e pediu que ele fosse afastado do elenco. Como a diretoria rejeitou o pedido, avisou que não voltaria a comandar o Kashima.

Mas aí, o comando do clube voltou a intervir. Não apenas convenceu o técnico a continuar no cargo, como fez com que ele se acertasse com Kanazaki.

A parceria foi essencial para o Kashima encerrar o jejum de seis anos sem conquistar a J. League. O antigo inimigo de Ishii marcou todos os três gols da equipe na fase final da competição –um contra o Kawasaki Frontale, na semifinal, e dois ante o Urawa Red Diamonds, na decisão.

Companheiro de Zico no meio-campo dos Antlers na década de 1990 e ex-assistente técnico do clube, o treinador assumiu o comando do time em julho de 2005, substituindo Toninho Cerezo.

Sua contratação, por si só, já foi um feito histórico. Afinal, foram 21 anos consecutivos de técnicos brasileiros em Kashima.

Desde a saída do japonês Masakatsu Miyamoto, em 1994, passaram por lá Edu Coimbra, João Carlos Costa, Zé Mario, Zico, Toninho Cerezo, Paulo Autuori, Oswaldo de Oliveira e Jorginho, além de Cerezo.

A única exceção foi o interino Takashi Sekizuka, acionado duas vezes nos anos 1990 e rapidamente substituído.

Mas, se pensarmos em técnico japonês efetivo, Ishii é mesmo o primeiro em 21 anos.

E, neste domingo, chegará ao maior momento de sua carreira, a tão esperada final do Mundial de Clube. Tudo graças à diretoria que não o deixou ir embora do Kashima.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis