De Pelé a Weah: os 7 negros que mudaram o futebol mundial
Rafael Reis
20/11/2016 06h00
É impossível contar a trajetória de sucesso do futebol sem falar de jogadores negros. Os africanos e seus descendentes que estão se espalham pelo planeta foram, são e continuarão sendo alguns dos protagonistas do esporte mais popular do mundo.
No dia da Consciência Negra, quando o Brasil relembra a morte de Zumbi dos Palmares, apresentamos os sete negros que mudaram a história do futebol.
Vale lembrar que essa lista não apresenta os sete melhores jogadores negros de todos os tempos, mas sim aqueles que transformaram (ou ainda transformam) de alguma forma a modalidade.
PELÉ (BRA)
1956-1977
Por que é importante? Simplesmente porque é Pelé. Essas quatro letras que formam o apelido de Edson Arantes do Nascimento podem até ser consideradas um sinônimo de. Eleito o maior atleta do século passado pelo Comitê Olímpico Internacional, é o maior jogador de futebol de todos os tempos e foi figura essencial no processo que levou a modalidade a se tornar febre na África e na Ásia. É também o único futebolista que conquistou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970).
LÊONIDAS DA SILVA (BRA)
1929-1950
Por que é importante? Porque foi o primeiro negro artilheiro de uma Copa do Mundo. Apelidado de Diamante Negro (sim, foi ele que deu nome ao chocolate que você come ainda hoje), o ex-atacante de Flamengo, Botafogo, São Paulo e Vasco sagrou-se o goleador do Mundial-1938, com sete gols em quatro partidas. Lêonidas foi também o primeiro brasileiro a ser reconhecido como um craque na Europa, graças à performance na Copa da França.
OBDULIO VARELA (URU)
1936-1955
Por que é importante? Porque foi o primeiro negro capitão de uma seleção campeã mundial. Apelidado de "Chefe Negro", o zagueiro e meia mulato liderou o Uruguai no Maracanazo, a histórica vitória celeste sobre o Brasil no último jogo da Copa-1950. Varela também redefiniu o conceito de capitão no futebol. Se hoje imaginamos essa função exercida por normalmente por um jogador de defesa, durão, implacável e orientando os companheiros de time, é graças a ele.
GARRINCHA (BRA)
1953-1972
Por que é importante? Porque ganhou uma Copa "sozinho". Mané Garrincha dispensa apresentações, mas entrou dez vez para a história ao assumir a liderança da seleção brasileira na Copa-1962 depois de uma contusão de Pelé e levá-la ao bicampeonato mundial. Apelidado de "Anjo de Pernas Tortas", devido ao formato pouco usual dos seus membros inferiores, era o rei do drible pela ponta direita. Morreu aos 49 anos em decorrência do alcoolismo.
EUSÉBIO (POR)
1957-1980
Por que é importante? Porque fez a Europa passar a olhar para a África como celeiro de talentos. Eusébio não foi o primeiro africano a vestir a camisa de uma seleção europeia, mas certamente foi quem o fez com mais brilho, abrindo as portas para que essa se tornasse uma prática comum na atualidade. Nascido em Moçambique, então uma colônia portuguesa, fez história com a camisa do Benfica e colocou a terra que hoje é de Cristiano Ronaldo no mapa do futebol mundial com o terceiro lugar na Copa-1966.
JUSTIN FASHANU (ING)
1978-1997
Por que é importante? Porque foi o primeiro jogador de alguma relevância a sair do armário e assumir ser homossexual. Atacante de origem nigeriana, mas nascido na Inglaterra, ele assumiu sua condição sexual em 1990, logo depois de trocar o Manchester City pelo West Ham. Após a declaração, sua carreira entrou em declínio, e Fashanu acabou se aposentando nos Estados Unidos. Um ano depois de abandonar os gramados, suicidou-se em meio a problemas com a Justiça –havia sido acusado de ter agredido sexualmente um jovem de 17 anos.
GEORGE WEAH (LBR)
1981-2003
Por que é importante? Porque foi o primeiro (e até hoje único) africano a ganhar o prêmio da Fifa de melhor jogador do mundo. A consagração do atacante liberiano se deu em 1995, ano em que defendeu o Paris Saint-Germain e o Milan e derrotou Maldini e Klinsmann na eleição. Após falhar no objetivo de levar seu país pela primeira vez a uma Copa do Mundo, George Weah entrou para a política. Em 2005, concorreu à presidência da Libéria, mas foi derrotado. Atualmente, ocupa uma cadeira no Senado.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.