Brasil ou África? Rival da estreia olímpica, gremista admite mudar de lado
Rafael Reis
03/08/2016 06h00
Tyroane Sandows, 21, ainda não sabe qual hino nacional irá cantar na cerimônia da partida entre Brasil e África do Sul, nesta quinta-feira, na rodada de abertura do futebol nos Jogos Olímpicos.
O meia, que vestirá a camisa 8 dos Bafana Bafana na Rio-2016, viveu os primeiros 11 anos de sua vida em território africano. Mas também é um cidadão do Brasil, onde reside desde 2006.
"Sou 50% brasileiro e 50% sul-africano. Mas, na Olimpíada, serei 100% sul-africano", disse o jogador, que atualmente defende o Grêmio.
Ty, como costuma ser chamado, veio ao Brasil graças a uma parceria entre o São Paulo e um projeto social chamado "Shona Khona" (algo como "Busque seu Sonho"). Ao chegar aqui, acabou chamando a atenção dos treinadores da base do clube paulista e passou a treinar em Cotia.
O sul-africano ficou no clube do Morumbi até 2014, quando se transferiu para o Grêmio e começou a ganhar destaque internacionalmente.
Um ano depois, foi convocado para a Copa das Nações Africanas sub-20. E, agora, veio o convite olímpico.
"É uma honra representar meu país, principalmente em um torneio olímpico e sendo aqui em um país que me acolheu tão bem. Tudo isso torna ainda mais especial essa oportunidade", afirmou.
Sobre a estreia olímpica, Ty admite que tem dado alguns conselhos para o técnico Owen da Gama e o restante do elenco da Áfica do Sul. Apesar de ainda não ter estreado como profissional no Grêmio, o meia treina ao lado de dois jogadores da seleção sub-23 do Brasil, o volante Walace e o atacante Luan.
"Tenho dado alguns toques, sim, mas nada que a maioria não saiba. O Brasil é um time de muita tradição, que toca muito bem a bola e possui grandes talentos individuais que podem desequilibrar a qualquer momento", analisa.
Mas Ty ainda considera a possibilidade de deixar de ser um espião sul-africano em território brasileiro para virar aliado dos companheiros de Grêmio também na seleção.
Naturalizado brasileiro desde março o meia admite que jogar pela África do Sul não é uma escolha definitiva e que adoraria trocar de camisa amarela e jogar pela equipe pentacampeã mundial.
"O futuro pertence a Deus. Se abrir para mim a porta da seleção brasileira, ficarei muito feliz. Mas se eu for para a África do Sul, ficarei feliz igualmente."
Ah, e sobre o hino na partida desta quinta, em Brasília? "Sei cantar os dois, mas ainda não pensei sobre isso. Só saberei no dia do jogo mesmo."
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.