Saiba como era o futebol quando a Argentina foi campeã pela última vez
Rafael Reis
24/06/2016 07h00
Vinte e três anos depois de vencer a Copa América-1993, no Equador, a Argentina terá neste domingo a chance de voltar a conquistar um título com sua seleção principal.
A decisão da Copa América Centenário, contra o Chile, nos EUA, será a terceira oportunidade em um período de apenas dois anos de o time liderado dentro de campo por Lionel Messi acabar com esse incômodo jejum.
Nas duas últimas chances, o título escapou por pouco. Em 2014, os argentinos foram derrotados por 1 a 0 pela Alemanha na prorrogação da final da Copa do Mundo. No ano passado, a derrota para os chilenos na final da Copa América só aconteceu nos pênaltis.
Vamos agora relembrar como era o futebol em 1993, ano em que os argentinos se sagraram campeões pela última vez:
FUTEBOL DE ANTIGAMENTE
Quando a Argentina foi campeã pela última vez, a vitória na maioria das competições ainda valia apenas dois pontos. A regra que estabeleceu três pontos como prêmio pelo triunfo só foi adotada largamente depois da Copa-1994. Outra inovação, essa já em vigor naquela Copa América, proibiu que os goleiros pegassem a bola com as mãos depois de recuos de companheiros de time. Até 1992, esse era um recurso muito usado pelos arqueiros para matar tempo e fazer cera.
BATISTUTA ERA O ASTRO DA ARGENTINA
Superado durante a Copa América Centenário por Messi como maior artilheiro da história seleção, Gabriel Batistura era a estrela maior da última Argentina campeã. O centroavante, que havia se transferido para a Fiorentina há dois anos e começava a brilhar no futebol italiano, então o mais prestigiado do mundo, fez os dois gols da vitória por 2 a 1 na final contra o México.
SIMEONE VESTIA A CAMISA 10
O hoje celebrado treinador do Atlético de Madri utilizou durante a Copa América-1993 uma camisa pouco indicada para seu estilo de jogo truculento e de muita marcação. Coube a Simeone ficar com a mística camisa 10 daquela Argentina. Além do volante e de Batistuta, o time contava ainda com o goleiro Goycochea e com o volante Redondo.
MARADONA TENTAVA VOLTAR A JOGAR BOLA
Herói da conquista do título mundial de 1986 e ídolo dos argentinos, Diego Maradona tinha 32 anos e não foi convocado para a Copa América. O meia-atacante jogava então pelo Sevilla e havia acabado de encerrar sua primeira temporada depois do fim da suspensão de 15 meses por uso de cocaína.
MESSI SÓ INFERNIZAVA OS COLEGUINHAS DA RUA
O maior nome da seleção argentina e do futebol mundial na atualidade tinha apenas cinco anos, mas já infernizava os coleguinhas de rua e de bairro em Rosario com quem jogava peladas e campeonatos amistosos. Foi só no ano seguinte, em 1994, que ele entrou para as escolhinhas do Newell's Old Boys.
TATA NÃO CURTIA SÃO PAULO DE TELÊ
O atual treinador da Argentina era meio-campista e capitão do Newell's Old Boys em 1993 e tinha como grande algoz o São Paulo. No ano anterior, o time dirigido por Telê Santana havia derrotado os argentinos na final da Libertadores. Em 1993, outro encontro entre os times, dessa vez nas oitavas de final, e mais uma vitória dos brasileiro.
MELHOR DO MUNDO ERA HOLANDÊS
Se hoje o prêmio da Fifa é quase uma disputa particular entre Messi e Cristiano Ronaldo, naquela época ele ia para uma mão diferente em cada ano. Quando a Argentina faturou a Copa América, em 1993, o último jogador eleito melhor do mundo havia sido o holandês Marco van Basten, então no Milan. O búlgaro Stoichkov (Barcelona) e o alemão Hassler (Roma) completaram o pódio.
RANKING DA FIFA? NEM EXISTIA
Ao contrário de hoje, a Argentina não liderava o ranking da Fifa em 1993. E nem poderia, já que a primeira edição da lista só foi publicada em agosto daquele ano, um mês depois da conquista. A seleção mais temida do mundo na época era a Alemanha, então campeã mundial depois de vencer os argentinos na final. Qualquer semelhança com a atualidade é mera coincidência. Será?
E O BRASIL?
A seleção dirigida por Carlos Alberto Parreira usou a Copa América para se preparar para as eliminatórias da Copa do Mundo-1994, que começariam logo na sequência. A convocação tinha alguns jogadores que seriam importantes na conquista do tetra, como Taffarel e Zinho, mas também Marco Antônio Boiadeiro, Luís Carlos Winck e Elivélton. Na Copa América, o Brasil parou nas quartas, eliminado pela Argentina.
MAS OS CLUBES IAM BEM
Apesar de a seleção não ter tido um bom desempenho na Copa América, o futebol brasileiro ia muito bem naquela época. O São Paulo era bicampeão da Libertadores e havia conquistado Mundial Interclubes, redefinindo a importância que os clubes daqui passariam a dar para essas competições. E o Palmeiras iniciava a era de ouro da parceria da Parmalat com a conquista do Campeonato Paulista e o fim do jejum de 17 anos sem títulos.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.