Adversário de estreia do Brasil na Copa América Centenário, o Equador é um país em que apenas 7% da população se declara negra. Mas que tem uma seleção de futebol dominada pelos afrodescendentes.

Dos 23 jogadores convocados pelo técnico Gustavo Quinteros para a competição nos Estados Unidos, pelo menos 13 são negros. Isso sem contar mulatos e outros mestiços.

E dez dos 13 negros que defendem a seleção equatoriana no torneio vêm da mesma região.

A província de Esmeraldas, localizada no extremo norte do país, é capital da cultura afro- equatoriana e tem uma composição étnica bem diferente da do restante do Equador: 43% dos habitantes se dizem negros.

E apesar de ter apenas 534 mil habitantes, ou seja, menos de 4% de toda a população equatoriana, a região é o celeiro da maior parte dos principais jogadores de futebol do país.

Os três jogadores da seleção que atuam no Brasil, o zagueiro Frickson Erazo, o meia Juan Cazares (ambos do Atlético-MG) e o atacante Miller Bolaños (Grêmio), são esmeraldinos. E negros.

Curiosamente, o sucesso dos jogadores não é reflexo da força do futebol da região ou de um belo trabalho nas categorias de base dos clubes locais.

Pelo contrário, Esmeraldas é como se fosse uma periferia do futebol equatoriano e não possui nenhum time na primeira e sequer na segunda divisão nacional.

A equipe mais forte da região no momento, o Alianza del Pailón, terminou a terceira e última divisão do Campeonato Equatoriano apenas na sétima posição.

Sendo assim, nem mesmo no Equador consegue-se chegar a uma conclusão sobre o fato de os jogadores da província de Esmeralda darem tão certo e serem hoje maioria na seleção.

A explicação mais recorrente é que os esmeraldinos destacam-se pela estrutura física privilegiada comum aos negros da região. De fato, o futebol equatoriano evoluiu nas duas últimas décadas baseando seu jogo não na técnica, mas principalmente na velocidade e força física.

Vice-líder das eliminatórias da Copa do Mundo-2018, o Equador estreia na Copa América Centenário neste sábado, contra o Brasil, às 23h (de Brasília). Haiti e Peru são os outros integrantes do Grupo B.

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