"Romário belga" foi até senador antes de liderar seleção nº 1 da Europa
Rafael Reis
02/06/2016 12h00
O comandante da seleção número 1 da Europa é uma espécie de Romário da Bélgica.
Ex-atacante com faro goleador, Marc Wilmots, 47, foi ídolo nacional durante os anos 1990, entrou para a política logo depois da aposentadoria e chegou até a ocupar uma cadeira no Senado.
Artilheiro da história belga em Copas do Mundo, com quatro participações e cinco gols, foi senador pelo Mouvement Réformateur, um partido liberal alinhado com a parte francesa do país, entre 2003, ano em que pendurou as chuteiras, e 2005.
No período em que ocupou o cargo, recebeu muitas críticas por sua atuação e pelo fato de ter usado a fama adquirida dentro dos gramados para alavancar uma carreira política.
Ao contrário de Romário, que permanece até hoje na política, o senador Wilmots renunciou após dois anos de atuação.
Curiosamente, não foi fácil para o belga deixar o posto. Seu primeiro pedido foi recusado porque o partido não contava com o suplente.
O ex-jogador então devolveu todo o salário que havia recebido como senador e conseguiu efetivar sua saída da vida pública.
Apenas quatro anos depois de deixar o Senado, Wilmots deslanchou em uma nova carreira. Após passagens de resultados inexpressivos pelo banco de reservas do Schalke 04 e do Sint-Truiden, ele foi contratado em 2009 para ser auxiliar-técnico da Bélgica.
Trabalhando ao lado primeiramente de Dick Advocaat e depois de George Leekens, viu a promissora geração de Courtois, Hazard, De Bruyne e Lukaku chegarem à seleção e começarem a mudar a história do futebol belga.
Em 2012, assumiu a função de treinador, obteve a primeira classificação para Copa do Mundo do país em 12 anos e viu sua equipe virar mania.
No Mundial do Brasil, parou nas quartas de final, eliminada pela vice-campeã argentina. O auge do seu trabalho veio no fim do ano passado, quando a Bélgica ocupou pela primeira vez na história a liderança do ranking da Fifa.
A primeira posição da lista já não é mais belga, mas argentina. A seleção de Wilmots, no entanto, ainda ocupa o segundo lugar da classificação e entra na Eurocopa como o time do continente mais bem classificado.
Motivo de sobra para seu treinador não se arrepender de ter abandonado a carreira política. E acreditar que o inédito título europeu é possível.
Cabeça de chave do Grupo E, a Bélgica estreia na Euro-2016 contra a Itália, no dia 13. Suécia e Irlanda serão suas outras adversárias na primeira fase.
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Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.