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Jogador gay mais famoso do mundo encontrou aceitação em ex-time de Beckham

Rafael Reis

11/05/2016 15h26

O anúncio do árbitro espanhol Jesús Tomillero, abertamente homossexual, de que abandonará sua carreira por não aguentar mais tantos insultos de torcedores resgatou uma velha discussão: há espaço em um ambiente tão machista quanto o futebol para gays assumidos?

Em meio a tanta intolerância e homofobia, o que faz com que a maior parte dos atletas homossexuais opte por esconder sua orientação, há pelo menos um jogador que conseguiu driblar todas essas dificuldades e construir uma carreira sólida.

O lateral direito norte-americano Robbie Rogers, 28, encontrou a tranquilidade e a aceitação no Los Angeles Galaxy, time que se tornou conhecido mundialmente graças ao inglês David Beckham.

Jogando na Califórnia há três anos, mesmo período em que tornou pública sua sexualidade, Rogers tem hoje uma carreira normal de jogador de futebol.

Mas, nem sempre foi assim. Ex-jogador da seleção norte-americana que atuava na segunda divisão da Inglaterra, o lateral tomou duas decisões simultâneas no início de 2013: revelar ao público sua homossexualidade e abandonar o esporte.

Sua justificativa é que seria impossível manter uma carreira no futebol sendo assumidamente gay: o preconceito fecharia portas e atrapalharia seu desenvolvimento como atleta.

A aposentadoria durou apenas quatro meses. Rogers recebeu um convite do LA Galaxy, resolveu aceitar, retomou a carreira e se tornou o jogador de futebol assumidamente homossexual mais conhecido do mundo.

Tão famoso e importante que ganhou elogios públicos do presidente dos EUA, Barack Obama, que recebeu a delegação da equipe californiana depois da conquista da Major League Soccer (MLS) em 2014.

Ao longo dos últimos três anos, Rogers disputou 80 partidas pelo LA Galaxy, marcou um gol (justamente na primeira vez que seu namorado foi vê-lo no estádio) e deu sete assistências. Só não jogou mais devido a inúmeros problemas físicos.

Na atual temporada, foi titular em sete jogos e começou quatro vezes no banco. Está longe de ser o astro da equipe, mas também não é deixado de lado pelo técnico Bruce Arena. É um jogador normal, como os outros.

Mas seu caso é raro. Os poucos homossexuais que jogam futebol e tornam públicas suas orientações só costumam fazê-lo depois de pendurar as chuteiras. Foi o que o fez por exemplo o alemão Thomas Hitzlsperger, que disputou a Copa do Mundo de 2006.

Rogers fez diferente. E hoje prova que, mesmo em um ambiente machista e homofóbico como futebol, há espaço para um gay assumido como ele.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis