Economista e executivo de sucesso agora é perigo para o Brasil na Rio-2016
Rafael Reis
15/04/2016 06h00
Última adversária do Brasil na primeira fase do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos-2016, a Dinamarca é dirigida por um técnico que até cinco anos atrás não tinha o futebol como principal sustento.
Niels Frederiksen, 45, que comanda a equipe sub-21 dinamarquesa e irá dirigir o time sub-23 no Rio de Janeiro, é economista de formação e só passou a se dedicar exclusivamente ao esporte em 2011.
Por 15 anos, ele se dividiu entre os bancos de reservas de times de futebol e o maior banco (daqueles que tomam conta do nosso dinheiro) da Dinamarca.
Frederiksen ocupou vários cargos executivos no Danske Bank, foi o número 2 do RH (Recursos Humanos) da empresa e chegou a tirar um ano sabático do seu trabalho como economista até largar tudo para se dedicar ao futebol.
A decisão só foi tomada em sua segunda temporada dirigindo um time da primeira divisão dinamarquesa, o Lyngby BK. Ele também dirigiu o Esbjerg até ser contratado pela federação local.
A formação e trajetória incomuns para um treinador de futebol faz de Frederiksen alguém diferente no meio e sem os mesmos vícios da maioria.
Tanto que, ao ficar sabendo que enfrentaria Iraque, África do Sul e Brasil na primeira fase das Olimpíadas, não adotou o tradicional discurso politicamente correto de exagerar nos elogios à qualidade de todos os adversários e afirmar que se trata de grupo "difícil".
"Não podíamos pedir que [o sorteio] fosse melhor. Não que será fácil, mas temos boas chances contra Iraque e África do Sul e vamos enfrentar o melhor time do grupo, o Brasil, no último jogo, o que é bom porque já estaremos aclimatados", disse, logo após o sorteio, na quinta-feira.
Como a Dinamarca não obteve classificação para a Eurocopa e terá um calendário mais vazio, é possível que Frederiksen possa dar suas três vagas sem limitação de idade para as principais estrelas do país, como o meia Christian Eriksen (Tottenham), o goleiro Kasper Schmeichel (Leicester) e o zagueiro Daniel Agger (ex-Liverpool e hoje Brondby).
Além deles, a Dinamarca deve trazer ao Brasil vários garotos sub-23 que já fazem parte da seleção principal, casos do zagueiro Andreas Christensen (Borussia Mönchengladbach), do volante Pierre Hojbjerg (Schalke 04) e do atacante Yussuf Poulsen (Red Bull Leipzig).
Os dinamarqueses já ganharam quatro medalhas olímpicas no futebol. Foram prata em 1908, 1912 e 1960 e ficaram com o bronze em 1948.
Mais de Cidadãos do Mundo
–Seleção dos mais caros do mundo vale R$ 2,9 bi e não tem brasileiros
–Aposentadoria? Ibra nunca criou tantos gols quanto nesta temporada
–Seleção encara sindicalista que jogou em vexame corintiano e no Marilia
–Astro de sensação da Libertadores machucou a namorada e ganhou "fama boa"
Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.