Roupa da fisioterapeuta fez lateral islâmico deixar vice-líder do Francês
Rafael Reis
22/02/2016 06h00
Lateral direito com passagem pelas seleções de base da França, Yarouba Cissako, 21, poderia vestir a camisa de Liverpool, Everton, Newcastle ou Galatasaray.
Mas quando decidiu deixar o Monaco, atual vice-líder do Francês, na janela de transferências de janeiro, o descendente de malineses rejeitou qualquer convite para continuar jogando em grandes centros e se mudou para o Qatar.
Cissako não foi ao Golfo Pérsico movido por uma proposta milionária ou pela possibilidade de naturalização para disputar a Copa do Mundo-2022 pela seleção da casa.
Profundamente religioso, ele simplesmente não aguentava mais viver e trabalhar em um país que não vivesse de acordo com as regras do Islamismo.
A gota d'água para a decisão do lateral aconteceu no ano passado, logo depois que ele retornou do empréstimo ao Zulte-Wegerem, da Bélgica.
O jogador se irritou quando viu que a fisioterapeuta do clube Sophia Nigi costumava trabalhar vestindo camiseta e bermuda, trajes que, segundo ele, são inadequados para uma mulher.
A partir de então, Cissako passou a se recusar a ser tratado pela fisioterapeuta e anunciou à diretoria monegasca que gostaria de se mudar para um país que respeite as tradições muçulmanas.
O clube ainda emprestá-lo para o futebol da Turquia. Mas o lateral não quis. Rescindiu seu contrato seis meses antes do fim e se mudou para o Qatar no mês passado.
O destino do lateral depois de deixar o Monaco não é totalmente conhecido. Inicialmente, seu empresário havia dito que Cissako estava à procura de outro clube. Depois, que deixaria o futebol profissional para se dedicar a estudos religiosos.
O grande sonho do lateral nunca foi disputar uma Copa do Mundo ou vencer a Liga dos Campeões, mas se tornar um imam, um líder muçulmano.
Cissako chegou ao Monaco em 2010, aos 15 anos de idade. Dois anos depois, participou da Eurocopa sub-17 com a camisa da França. Em 2015, pouco antes da polêmica com a fisioterapeuta do clube, foi descoberto pela Premier League e passou a ser procurado por times ingleses.
Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.