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Até onde o futebol da China pode ir?

Rafael Reis

06/02/2016 06h00

Em 2014, a maior contratação do futebol chinês foi o italiano Alessandro Diamanti, que custou 7,5 milhões de euros (R$ 32 milhões na cotação atual). No ano passado, Ricardo Goulart quebrou o recorde de reforço mais caro da história do país ao ser comprado por 15 milhões de euros (R$ 65 milhões).

Só nos últimos dez dias, a marca histórica do ex-cruzeirense foi superada quatro vezes. Gervinho, Ramires, Jackson Martínez e Alex Teixeira custaram mais que ele.

A transferência de Alex Teixeira, a mais cara de todas, alcançou a cifra de 50 milhões de euros (R$ 216 milhões) e entrou no ranking mundial das 20 maiores de todos os tempos.

A escalada nos valores investidos e também nos nomes prospectados mostra que a fome da China pelo futebol tem aumentado em ritmo avassalador.

Até pouco tempo atrás, o gigante asiático atraia apenas jogadores de terceiro escalão ou veteranos em fim de carreira. Depois, conseguiu contratar quem se destacava no futebol brasileiro. Agora, já é capaz de disputar alguns atletas com grandes clubes europeus.

Novamente, o caso de Alex Teixeira é emblemático. O atacante estava voando no Shakhtar Donetsk e tinha uma proposta para jogar na badalada Premier League inglesa com a pesada camisa do Liverpool.

Gervinho era outro nome em alta na Europa. Muito contestado nos tempos de Arsenal, o marfinenese havia se tornado um dos principais jogadores da Roma.

Mas ambos preferiram rechear ainda mais suas já polpudas contas bancárias e se mandar para o Extremo Oriente.

Suas contratações levantam uma dúvida: até onde pode chegar a China? Será que algum dia veremos os melhores jogadores do mundo (os Messis e Cristiano Ronaldos de suas épocas) durante o auge na China?

Essas são perguntas sem uma resposta definitiva. O mundo está em constante transformação cultural e o dinheiro sempre muda de mãos. Haja vista que, 25 anos atrás, os clubes mais poderosos do planeta eram os italianos.

Mas, olhando para a história do futebol, é difícil imaginar que a China consiga ir muito além do que já foi e transforme sua liga em uma referência técnica para os torcedores.

O Japão passou no início dos anos 1990 por um processo similar ao que os chineses vivem hoje. A J. League teve Zico, Dunga, Jorginho, Zinho, Totó Schillaci (artilheiro da Copa-1990), Daniele Massaro (uma lenda do Milan) e Dragan Stojkovic (campeão europeu com o Estrela Vermelha).

A Rússia também teve seus momentos de gastança desenfreada e chegou a fazer contratações de 40 milhões de euros (R$ 173 milhões) –Hulk e o belga Axel Witsel, ambos do Zenit São Petesburgo.

Mas nenhum dos dois países conseguiu chegar à elite da bola por um motivo simples.

Os melhores querem jogar pelos melhores clubes e contra os melhores adversários. É isso que lhes dará os maiores títulos, os prêmios individuais mais cobiçados e a fama global que rende mais dinheiro do que qualquer salário.

Dá para imaginar Neymar deixando o Barcelona para jogar no Guangzhou Evergrande?

A transferência o afastaria do Campeonato Espanhol, da Liga dos Campeões da Europa, dos olhos atentos dos colégio de eleitores do prêmio de melhor do mundo e também dos bilhões de fãs espalhados pelo planeta que consomem Barcelona e, consequentemente, a marca Neymar Jr.

Por mais que a China concentre quase 20% da população mundial, ela não é maior que o planeta todo. E os grandes clubes da Europa não pertencem a um só país, mas ao planeta todo.

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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis