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Haja riqueza! Empreiteiras, governo e shoppings financiam futebol da China

Rafael Reis

21/12/2015 07h50

Imagina se a Odebrecht, a OAS, a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa tivessem seus próprios times de futebol?

É esse um dos segredos da transformação do futebol chinês em um novo eldorado da bola, um mercado riquíssimo que tem investido milhões anualmente na contratação de jogadores brasileiros.

Ricardo Goulart, Paulinho, Robinho, Diego Tardelli, Jucilei e Wagner, todos com passagem pela seleção, estão por lá.

Além deles, Jadson, um dos destaques do título brasileiro recém-conquistado pelo Corinthians, aceitou na semana passada se transferir para a segunda divisão chinesa.

Dona da segunda maior economia do mundo, a China possui clubes que são controlados por alguns dos seus homens e empresas mais ricos. Ou seja, a nata do poder financeiro chinês investe no futebol.

É o caso do Guangzhou Evergrande, atual campeão asiático e penta nacional. O time não possui um, mas sim, dois proprietários. E ambos são ricos, ou melhor, muito ricos.

A Evergrande Real Estate Group, dona de 60% das ações do clube, é uma das dez maiores construtoras da China. Sua sócia no Guangzhou é a gigante do comércio virtual Alibaba, empresa capitaneada por Jack Ma, o 29º homem mais rico do planeta, com fortuna estimada pela "Forbes" em cerca de US$ 23,9 bilhões (R$ 96 bilhões).

Para eles, investir 15 milhões de euros (R$ 63 milhões, na cotação atual) na contratação de Ricardo Goulart, como fizeram no início do ano, ou bancar o salário milionário de um técnico campeão mundial, caso de Luiz Felipe Scolari, é fichinha.

O Guangzhou não é exceção, mas regra. Pelo menos a metade dos 16 clubes que disputaram a primeira divisão neste ano tem como fonte financeira empresas que atuam no setor da construção.

O envolvimento das empreiteiras no futebol chinês se aprofundou depois que o governo passou a tratar a modalidade como uma questão de primeira grandeza.

Entusiasta do futebol, o presidente Xi Jinping tem como plano fazer a China vencer uma Copa do Mundo. Entre seus projetos recentemente aprovados está a obrigatoriedade do ensino do futebol nas escolas do país.

A proximidade com as empreiteiras não é a única forma de o governo incentivar os investimentos no Campeonato Chinês. O financiamento também acontece diretamente, como no Shandong Luneng.

O terceiro colocado na recém-encerrada temporada chinesa pertence a uma estatal do ramo elétrico, a State Grid Corporation of China, a terceira empresa mais rica do país, com faturamento de US$ 333 bilhões (R$ 1,3 trilhão) em 2014.

Assim fica fácil ter no elenco o ex-corintiano Jucilei, os atacantes Diego Tardelli e Aloísio e o meia argentino Montillo, todos treinados por Mano Menezes, outro ex-comandante da seleção brasileira.

Entre os donos de clubes na primeira divisão da China, existem ainda uma montadora de automóveis, a Lifan Group (Chongqinq Lifan), que exporta carros inclusive para o Brasil, uma rede de shopping centers, a Renhe Commercial Holdings Company Limited (Guizhou Renhe), empresas do ramo farmacêutico e até a operadora do porto de Xangai, dona do vice-campeão nacional, Shangai SIPG.

E aí, deu para entender por que o futebol chinês é tão rico?

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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.


Rafael Reis