Cigarros e baladas quase fizeram CR7 brasileiro ser “Fábio Paim brasileiro”
Rafael Reis
17/12/2015 07h10
Matheus Pereira é uma das sensações do futebol português. Aos 19 anos, o meia-atacante soma cinco gols em nove jogos em sua primeira temporada no time principal do Sporting. Seu apelido já diz tudo: Cristiano Ronaldo brasileiro.
Mas até pouco tempo atrás, era a outra cria das categorias de base do clube alviverde que esse mineiro de Belo Horizonte, que se mudou para Portugal quando tinha 12 anos, era constantemente comparado.
"Teve uma época que chamavam ele de Paim lá no Sporting. Ele estava seguindo mesmo esse caminho", conta o pai do jogador, Alexandre Pereira.
Fábio Paim foi um astro adolescente do futebol português surgido no início dos anos 2000 e que, segundo Cristiano Ronaldo, era melhor que ele próprio.
Mas o jovem sucumbiu aos prazeres da vida antes mesmo de se profissionalizar. Torrou a fortuna do salário milionário que recebia ainda na base com carrões e mulheres, deixou os treinos em segundo plano e naufragou. Aos 27 anos, já deu errado em Angola, Qatar, Malta, Lituânia e Luxemburgo.
"O Matheus era terrível também. Era só discoteca, sinuca, cigarros. Foi uma época em que eu e minha esposa estávamos com problemas. Quando nos separamos, ele ficou assim. Depois que voltamos, ele se transformou. Ele melhorou muito nos últimos dois anos", conta Alexandre.
A jovem promessa mudou-se para Portugal junto com a família em 2008, depois de passar pelas categorias de base do Democrata de Governador Valadares e do Cruzeiro. Dois anos depois, arranjou uma vaguinha na formação de atletas do Sporting.
Demorou cinco anos para o garoto brasileiro chegar ao time adulto e começar a ser comparado ao maior jogador formado no Sporting: Cristiano Ronaldo.
Seu nome explodiu em outubro. O brasileiro marcou quatro gols e deu uma assistência em seus três primeiros jogos atuando na equipe principal.
A estreia dos sonhos ainda não lhe deu uma vaga entre os titulares, mas já o transformou em xodó da torcida do líder do Campeonato Português.
"O apelido não incomoda, ele está se adaptando a ser chamado de CR7 brasileiro. É lógico que ele quer ser conhecido como Matheus Pereira, mas sabe que o Cristiano foi um fenômeno e da academia do Sporting e que, depois dele, nunca teve mais um jogador da mesma qualidade."
Só que o CR7 brasileiro pode em breve se tornar mais um CR7 português. Ele deve entrar com o pedido de naturalização em março. O objetivo é disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Não importa por qual seleção.
"Meu sonho era ver o Matheus jogar as Olimpíadas pelo Brasil, mas Portugal também tem um time bom. Hoje, para nós, dá na mesma jogar por qualquer uma das seleções. Depois, quando for para jogar na seleção adulta, podemos estudar de novo qual é a melhor opção para ele", completa o pai do jovem astro.
Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
Sobre o Blog
Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.