Final da Champions asiática vai deixar torcedor cruzeirense com saudades
Rafael Reis
06/11/2015 07h10
O torcedor do Cruzeiro que está com saudades do time que foi bicampeão brasileiro em 2013 e 2014 tem ótimos motivos para acompanhar o primeiro jogo da final da Liga dos Campeões da Ásia, neste sábado.
A decisão irá reunir os dois principais astros da equipe celeste nas últimas temporadas. De um lado, Ricardo Goulart, goleador e estrela máxima do chinês Guangzhou Evergrande. Do outro, Éverton Ribeiro, cérebro do Al-Ahli, dos Emirados Árabes.
"Vai ser um jogo bacana, a primeira vez jogando contra ele. Vai ficar marcado na carreira de ambos e espero que eu possa sair vencedor", disse Goulart, que já conversou com telefone com o amigo para combinar uma confraternização.
"Combinamos apenas de trocar a camisa para cada um ter uma recordação bacana do outro. Vai ser um jogo para ficar na recordação, para contar para filhos e netos no futuro."
O momento é mais favorável a Goulart. O meia-atacante acabou de ser campeão chinês com o Guangzhou, é o artilheiro da Liga dos Campeões, com oito gols, e foi indicado ao prêmio de melhor jogador da competição.
Já Everton marcou quatro vezes na Champions asiática, mas apenas uma nos mata-matas decisivos. Ao contrário do antigo parceiro, o camisa 10 não concorre à Bola de Ouro –o brasileiro Lima e o atacante local Ahmed Khalil são os representantes do Al-Ahli na eleição.
"Sempre tive confiança no meu futebol e sabia que poderia dar certo aqui na China. Creio que a boa receptividade de todos e o apoio da minha esposa foram fundamentais. Tive ajuda do pessoal aqui, o clube nos deu todo respaldo e pude só pensar em jogar futebol", disse Goulart.
A dupla de adversários na final da Liga dos Campeões deixou o Cruzeiro no começo do ano tentadas por contratos milionários na Ásia.
Everton Ribeiro saiu para o Ah-Ahli por 9 milhões de euros (R$ 37 milhões, na cotação atual). Já Goulart foi contratado pelo Guangzhou Evergrande por uma quantia recorde para o futebol chinês: 15 milhões de euros (o equivalente hoje a R$ 61 milhões).
A escolha por mercados periféricos, no entanto, custo a eles a continuidade na seleção.
Everton ainda conseguiu se sustentar no time de Dunga até o fiasco na Copa América. Goulart, mesmo artilheiro na Ásia, nem isso e sumiu completamente das convocações.
"Foi tudo muito bem conversado com minha família, com meu empresário e com o Cruzeiro na época. Achamos que era a melhor decisão e não nos arrependemos disso. Hoje é possível acompanhar o futebol em qualquer lugar do mundo e na China não é diferente. Estar na seleção sempre é um objetivo, mas será também sempre consequência do trabalho, independentemente de onde estiver", opina Goulart.
Uma coisa é certa. O Cruzeiro, apenas o décima colocado no Brasileiro deste ano, sente falta da dupla. E seu torcedor acompanhará a final da Liga dos Campeões com um olhar de nostalgia.
Sobre o Autor
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.
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Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.