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Rafael Reis

Qatar planeja seleção de estrangeiros para 2022, mas afasta brasileiros

Rafael Reis

16/10/2019 04h00

Para seus compromissos da Data Fifa de outubro, quando enfrentou Bangladesh e Omã, o Qatar convocou dois jogadores nascidos no Sudão e mais cinco atletas naturais de outros países do exterior: França, Portugal, Iraque, Argélia e Egito.

Única seleção já classificada para a Copa de 2022, a anfitriã irá encarar sua primeira participação em um Mundial com uma verdadeira legião estrangeira em campo.  Mas que dificilmente terá espaço para algum brasileiro.

Crédito: Karim Jaafar/ AFP

Apesar de já ter naturalizado e aproveitado em sua seleção adulta seis representantes do futebol pentacampeão mundial (entre eles os ex-atacantes Emerson Sheik e Araújo), o time árabe optou por parar de investir em jogadores do Brasil.

Os últimos a defenderem a equipe foram os meio-campistas Rodrigo Tabata (ex-Santos) e Luiz Júnior (revelado no futebol cearense e pouco conhecido por aqui), que fizeram parte das convocações entre 2016 e 2017.

Mesmo ainda atuando em clubes importantes da primeira divisão do Qatar e sendo nomes de destaque no cenário local, os dois brasileiros foram excluídos da seleção depois que Félix Sánchez assumiu o comando do time.

Ex-treinador das categorias de base do Barcelona, o espanhol trabalha no Oriente Médio desde 2006 e passou os primeiros 11 anos de sua estadia por lá dedicando-se à formação de jogadores na Academia Aspire.

Por isso, quando chegou à seleção principal, abdicou de boa parte dos jogadores que por lá já estavam estabelecidos para promover os meninos migrados de diferentes países que vinham sendo lapidados por ele desde a infância ou o começo da adolescência.

Por isso, o atual elenco do Qatar é cheio de africanos. Eles são frutos de um programa desenvolvido pelo governo do país para conseguir reforçar o time do país-sede da próxima Copa com jogadores nascidos em outros cantos do mundo.

Como as regras do futebol não permitem a naturalização de jogadores que já defenderam outras seleções, o Qatar resolveu buscar seus futuros valores direto na fonte. Fundada em 2004, a Aspire faz peneiras ao redor do mundo e leva para treinar no Oriente Médio garotos que são candidatos a futuros jogadores, principalmente de países mais carentes.

Esse trabalho de garimpagem já está dando resultado. Em fevereiro, a seleção conquistou pela primeira vez o título asiático. Em junho, disputou a Copa América e, mesmo eliminada na fase de grupos, fez jogos duros contra Paraguai, Colômbia e Argentina.

Apesar de já estar classificado para a Copa de 2022, o Qatar está disputando normalmente as eliminatórias, já que elas também servem como classificatório para a próxima edição da Copa da Ásia, que será disputada em 2023.

A seleção árabe lidera o Grupo E do torneio, com dez pontos conquistados em quatro rodadas. Omã, Afeganistão, Índia e Bangladesh são seus adversários da chave.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.