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Rafael Reis

Quem é o garoto de 16 anos que virou o 2º mais jovem a estrear pelo Barça

Rafael Reis

27/08/2019 04h00

Quando Anssumane Fati nasceu, a seleção brasileira já era pentacampeã mundial de futebol, Cristiano Ronaldo começava a fazer sucesso como profissional do Sporting, e Lionel Messi era tratado como uma grande promessa para o futuro do Barcelona.

Ao participar dos 12 minutos finais da goleada por 5 a 2 sobre o Betis, nesse domingo (25), no Camp Nou, pela segunda rodada do Campeonato Espanhol, o atacante tornou-se o jogador mais jovem a defender a equipe principal do Barça em quase 80 anos.

Crédito: Getty Images

Ansu Fati, como é mais conhecido, estreou como profissional com 16 anos e 298 dias. Em toda a história do clube catalão, ele só é superado por Vicenç Martínez, que chegou a jogar com 16 anos e 280 dias na temporada 1941/1942.

Nascido em Guiné-Bissau, país localizado no extremo oeste da África e de praticamente nenhuma tradição no futebol, o garoto se mudou para a Espanha quando tinha apenas seis anos e é muito mais fluente no espanhol do que no português.

Aos nove, quando treinava nas categorias de base do Sevilla, recebeu propostas para ingressar nos sistemas de formação de jogadores de Real Madrid e Barcelona. Apesar da proposta financeiramente inferior, o clube catalão foi o escolhido dos seus pais.

A opção não poderia ter sido mais acertada. Logo em sua primeira temporada em La Masia, a casa dos jovens valores do clube, Fati anotou 56 gols em 29 partidas. Mesmo tendo ficado um ano e meio parado devido a uma fratura na perna, não deixou de ser visto como uma joia da base culé.

Apesar de nunca sequer ter defendido o Barcelona B e de oficialmente ainda fazer parte do elenco do time sub-19, o guineense já possui o segundo maior salário da base blaugrana e uma multa rescisória de 100 milhões de euros (R$ 433 milhões).

O dinheiro farto foi a forma encontrada pelo Barça para se defender das investidas de times de outros países. Só nesta janela de transferências, Manchester United, Borussia Dortmund e Newcastle tentaram tirá-lo da Catalunha.

O adolescente teve a oportunidade de estrear cedo por um dos clubes mais poderosos do planeta devido aos inúmeros problemas físicos dos homens de frente do atual campeão espanhol.

Contra o Betis, o técnico Ernesto Valverde não pode contar com Lionel Messi, Ousmane Dembélé e Luis Suárez e só tinha três atacantes à disposição: Antoine Griezmann, Rafinha e Carles Pérez.

A solução foi apelar a Fati, que só pode ir a campo porque seus pais assinaram uma autorização liberando sua estreia – de acordo com a legislação espanhola, só assim jogadores menores de idade podem disputar partidas noturnas.

Canhoto, velocista e muito habilidoso, o garoto entrou para fazer a função de ponta direita. E, apesar do pouco tempo em campo, por pouco já não anotou um gol.

"No fim do jogo, fiquei um pouco mais no gramado. Olhei para os meus pais, para a minha família, que são aqueles que me acompanharam até chegar aqui. Fiquei ali no campo porque não acreditava no que havia acontecido", disse, à Barça TV, após a estreia histórica.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.