Por que a MLS contrata destaques da Argentina, mas não do Brasil?
Autor do terceiro gol da vitória por 3 a 1 sobre o Boca Juniors e eleito o melhor jogador da decisão da Libertadores, o meia-atacante Pity Martínez anunciou logo após a conquista do título que está de saída do River Plate para defender o Atlanta United, atual campeão da MLS (Major League Soccer).
Na franquia vencedora da principal liga profissional dos Estados Unidos, o camisa 10 terá a companhia do meia-atacante Ezequiel Barco, 19, revelação do futebol argentino em 2017 e uma das maiores promessas do país.
Nos EUA, Martínez também medirá forças com outros jogadores que já atuaram na seleção de Messi e companhia, como os meias Diego Valeri e Sebastián Blanco, do Portland Timbers, e Maxi Morález, que defende o New York City.
Enquanto isso, os brasileiros que atuam no "soccer" são veteranos em fim de carreira, como Ilsinho (ex-São Paulo e Internacional) e Ibson (ex-Corinthians e Flamengo), ou atletas pouco conhecidos por aqui, caso do volante Artur, que defende o Columbus Crew.
Mas, por que isso acontece? Qual a razão de os clubes norte-americanos conseguirem contratar destaques da Argentina e não fazerem o mesmo com grandes nomes do Brasil? Será que essa é uma preferência ou apenas uma circunstância de mercado?
As duas respostas são complementares e essenciais para se entender essa questão.
A invasão de nomes importantes do futebol argentino na MLS tem muito a ver com a chegada do técnico Tata Martino ao Atlanta United, no ano passado. Ex-treinador da seleção de Messi e do Barcelona, ele foi responsável por indicar Barco e Pity Martínez, as duas contratações mais bombásticas dos seus compatriotas já feitas por clubes dos EUA.
Com o desembarque do destaque do River na Libertadores, o atual campeão da liga norte-americana conta agora com cinco jogadores argentinos no seu elenco (ou seis, se for contabilizado o atacante Héctor Villalba, que nasceu em Buenos Aires, mas é naturalizado paraguaio).
Mas é claro que não dá para atribuir toda essa discrepância a Tata. Um outro motivo faz com que a MLS contrate mais jogadores promissores da Argentina do que do Brasil: os representantes do futebol pentacampeão mundial têm mercados melhores para ocupar.
Ao contrário do que tem acontecido com os times do nosso país vizinho, as equipes brasileiras ainda estão conseguindo vender suas principais promessas para os grandes clubes da Europa. Só nos últimos 18 meses, foram três negociações expressivas e de altos valores com Real Madrid (Rodrygo e Vinícius Júnior) e Barcelona (Arthur).
Enquanto isso, os clubes argentinos precisam se contentar com transações para times de segundo ou terceiro escalão do Velho Continente. Com exceção de Lautaro Martínez, que trocou o Racing pela Inter de Milão, todos os últimos grandes negócios fechados pelas equipes "hermanas" foram com equipes menores da Europa –Lucas Alario (Bayer Leverkusen), Sebastián Driussi (Zenit) e Ramiro Funes Mori (Everton).
A concorrência reduzida pelos jogadores argentinos faz com que seus preços no mercado internacional diminuam e os colocam dentro da realidade financeira de países que não costumam investir fortunas na contratação de jogadores, como os EUA.
Resultado: a MLS tem cada vez mais estrelas capazes de jogar ao lado de Messi na seleção e cada vez menos possíveis companheiros de Neymar com a camisa amarelinha.
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