Topo

Rafael Reis

Parece o Brasil: Êxodo de adolescentes moldou "geração belga"

Rafael Reis

05/07/2018 04h00

Toby Alderweireld tinha apenas 15 anos quando foi descoberto por olheiros do Ajax (HOL) atuando pelas categorias de base do pequeno Germinal Beerschot, time de sua cidade natal, Antuérpia.

Antes mesmo de alcançar a maioridade e disputar sua primeira partida profissional, fez as malas e deixou seu país para trás em busca de uma oportunidade melhor de brilhar como jogador de futebol.

A história do zagueiro do Tottenham é muito parecida com a de milhares de garotos brasileiros e mostra uma semelhança enorme entre as duas seleções que se enfrentam nesta sexta-feira, em Kazan, por vaga na semifinal da Copa do Mundo.

Assim como o Brasil, a Bélgica têm um futebol que sofre com o êxodo de jogadores adolescentes. E foi assim, bem distante de suas fronteiras, que a geração que vem empolgando torcedores e analistas ganhou forma.

Dos 23 convocados pelo técnico espanhol Roberto Martínez para a Rússia-2018, 22 atuam no exterior. Desses, nada menos que 17 se transferiram para um clube de outro país antes mesmo de completar 21 anos.

Os recordistas são o zagueiro Thomas Vermaelen e os irmãos Eden e Thorgan Hazard, que foram embora da Bélgica quando tinham só 14 anos. Evidentemente, nenhum deles chegou a disputar o campeonato local.

Aliás, 11 jogadores da atual seleção jamais foram a campo em uma partida da primeira divisão belga. E só quatro deles (Axel Witsel, Marouane Fellaini, Thomas Meunier e Leander Dendocker, o único que ainda atua no país) chegaram a participar de mais de cem jogos da competição.

Em regra, assim como acontece no futebol brasileiro, os jogadores belgas mal despontam no cenário nacional e já são contratados por clubes de cenários mais importantes e ricos da Europa.

Foi o que aconteceu com os principais integrantes da atual geração. O goleiro Thibaut Courtois, o meia Kevin de Bruyne e o atacante Romelu Lukaku foram contratados pelo Chelsea quando tinham 19, 21 e 18 anos, respectivamente.

O resultado dessa política é que, apesar de ter uma das oito seleções mais fortes da Copa-2018 e de sonhar com o inédito título mundial, a Bélgica tem um futebol local que não faz nem cócegas às potências.

A última vez que um clube belga chegou às quartas de final da Liga dos Campeões da Europa foi 24 anos atrás, com o Anderlecht. Na última temporada, o clube foi novamente o representante do país no torneio, mas se despediu ainda na fase de grupos, com uma vitória em seis jogos e saldo negativo de 15 gols.

Ou seja, Brasil e Bélgica tem bem mais semelhanças no futebol do que o encontro nas quartas de final da Copa-2018 faz imaginar.


Mais de Cidadãos do Mundo

Não é só Jesus: cinco camisas 9 que passaram em branco em Copa do Mundo
Janela abre com R$ 11 bi em transferências; veja os 10 jogadores mais caros
"Furacão" inglês foi dispensado no Arsenal e esquentou banco na 2ª divisão
"Geração belga" já movimentou R$ 3,3 bilhões no Mercado da Bola

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.